Exportamos rubros tomates e produzimos menos lixo
Por Joaquim Letria
ALGUNS leitores mais atentos notaram já, acertadamente, que
esta semana inaugurei nestas crónicas um novo ciclo: o de elogiar a crise, o
desemprego, a pobreza e as dificuldades, embora não tenha ganho ainda balanço
suficiente para conseguir dizer bem do Governo.
Não ter carro, não ter casa e não ter trabalho, - dizia
eu ironicamente, está bom de ver – tem o
seu encanto, pelo que nos liberta de IMI e de rendas, de preços de gasóleo e de super, de chefes,
patrões, horários e colegas. Ser
pobrezinho parece ser um descanso, não se pensa em Chipre não se sonha com a
Merkel, quer-se lá saber do Obama!
Eis, então, o meu contentamento posterior a essa crónica ao
encontrar novos factos que parecem louvar a crise e as dificuldades a que os
portugueses estão entregues. Noto, em primeiro lugar, o êxito que é para as
nossas Relações Exteriores o nosso bem-amado ministro dos Negócios
Estrangeiros, Paulo Portas, ir ao Japão acompanhado por nove fábricas de
transformação de tomate e mais outras seis empresas desse sector. Os nipónicos
nunca tinham vista nada assim!
Paulo Portas não leva pasteis de nata nem rissóis de camarão
consigo, mas não se esquece do rubro tomate lusitano, sector que já consegue
pôr no estrangeiro 10 % da sua produção, esforço de assinalar que, por certo,
encherá de orgulho a centrista ministra Assunção Cristas, que tanto se esforça
por fazer render a agricultura.
Mas a crise não se fica por aqui em boas notícias. Vejam só
que a produção do lixo urbano caiu em 2012 para os níveis mais baixos desta
década. Dentro de dois anos, em consequência da diminuição do consumo e da
produção industrial, o lixo urbano em Portugal deverá cair ainda, antes de
2015, para menos de 12%! Ou seja, mesmo com o lixo que os políticos dão sinais
de continuar a produzir, a crise e as dificuldades asseguram que Portugal
produzirá muito menos poluição! Etiquetas: JL
1 Comments:
Pois, caro Joaquim Letria
E se nos habituarmos a não comer fazemos enorme poupança e, logo que nos habituemos, nem vai custar nada.
E o governo há-de ficar contente.
E nós devemos passar a elogiar o governo. Que os maganões do governo merecem.
Oh, se merecem.
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