Qual a gama dos BMW para o Estado?
Por Ferreira Fernandes
ANDO de metro e nunca usei sapatos vermelhos, e em nenhum desses momentos me pensei a caminho da santidade. Também o Papa Francisco, que decidiu de certa maneira imitar-me (enfim, o metro não voltará tão cedo), não deve julgar que se salva por isso. E gosto das suas escolhas simples, agora confirmadas por não querer ir para os aposentos do terceiro andar do Palácio Pontifical e ficar-se pela Casa de Santa Marta, que apesar de acolher os cardeais durante os conclaves não é mais do que uma honesta pensão com águas correntes.
Eu sei que alguns - que já lhe tinham lido várias obras antes de Ratzinger ter escolhido o "camauro" com bordas de arminho e souberam, então, relacionar os pensamentos do filósofo bávaro com o vestuário litúrgico - sorriem, agora, com as minhas esperanças nos sapatos cambados do porteño. Como se eles pudessem ter os seus simbolismos e eu não. Ora penso que as escolhas do Papa Francisco, além de irem ao sabor da fantástica marca, Francisco, passam uma mensagem muito própria para estes tempos. Uns dirão que tanta dessacralização não vai com o cargo, mas eu penso que vai, porque o respeita mais. Para não sair de Roma, dou o exemplo de Carla Voltolina, mulher do Presidente Sandro Pertini, que disse: "Nunca dormi no Palácio do Quirinal. Elegeram o Sandro, não a mim." E isso foi nos anos 70/80, ainda não tínhamos tanta necessidade de um Papa a andar como é natural um septuagenário desenvolto fazê-lo.
«DN» de 27 Mar 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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