O Silva seria um grande candidato
Por Ferreira Fernandes
CADA povo é um caso. A nós dá-nos para sonhar com o Presidente a ir embora. Já os italianos pedem ao seu, com 87 anos, para ficar mais sete. Giorgio Napolitano bem implorou a reforma e, ele, político respeitado, bem a merecia. Mas o país, há dois meses sem Governo, via-se com outro impasse: os partidos também não encontravam hóspede para o Quirinal.
Em Itália, o presidente é votado pelo Parlamento (Senado e Câmara de Deputados). Os deputados e senadores escrevem um nome num papel e este é pronunciado alto e contabilizado. Em 1992, alguém escreveu "Sophia Loren". É comum aparecerem candidatos bizarros ou só para espicaçar: na semana passada, Veronica Lario, ex-mulher de Berlusconi, teve um voto. Incómodo, porque do ex-marido ninguém se lembrou. Mas o grande momento foi quando foi lido o voto onde estava escrito "Raffaello Mascetti" e o Parlamento deu uma gargalhada: era como se alguém por cá quisesse em Belém o "Leão da Estrela" do António Silva. Mascetti, interpretado pelo Ugo Tognazzi, é personagem do Amici Miei (Oh! Amigos Meus), um dos grandes filmes da comédia italiana (1975). Mascetti introduziu na língua italiana o neologismo "supercazzola", que é um falar sem dizer nada. Mascetti só teve um voto e, na votação seguinte, Napolitano aceitou candidatar-se e ganhou. Ainda bem.
Já por cá, mesmo só em memória, António Silva seria melhor presidente do que qualquer outro Silva. Cada povo é um caso.
«DN» de 22 Abr 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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