Soares, Cavaco, D. Carlos e Buíça
Por Ferreira Fernandes
A FRASE é tola. Duas frases, aliás, publicadas ontem no jornal i e ditas por Mário Soares: "O Presidente Cavaco Silva devia lembrar-se da história do século XX. Por muito menos que isso foi morto D. Carlos, que, aliás, era bon vivant e chamava ao seu país piolheira."
Perguntei à entrevistadora, Ana Sá Lopes, jornalista que respeito como a poucos, se havia palavras de Soares, antes e depois das referidas frases, que, por lapso, acaso técnico ou interpretação jornalística da autora, não tivessem sido publicadas. Ela disse-me que não. Logo, já que as frases não estão tiradas do contexto, repito: tolas.
O rei D. Carlos foi morto nem por mais nem por menos, no que se refere a causas que possam justificar o regicídio: não devia ter sido morto, ponto. Foi morto porque a história dos homens, mesmo quando melhora, não é imune a cabeças quentes e erradas: avançamos para republicanos apesar de Buíça; não graças a ele. Trazer um erro que foi cometido com aquele chefe do Estado, para advertir o atual Chefe do Estado, é tolo.
Um, porque Cavaco deve fazer o que deve fazer (e não está), não porque deve temer, mas porque deve fazer o que deve.
Dois, porque Cavaco vai continuar a chefiar o Estado mal, porque só isso sabe, e, continuando, depois da advertência de Soares, pode indiciar coragem, no que não acredito.
E, três, porque a última coisa a aconselhar a Cavaco é a não ser bon vivant. Se ele o fosse um poucochinho ganhávamos todos.
«DN» de 14 Abr 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home