Então, recapitulemos...
Por Ferreira Fernandes
JACQUES
Canetti é um judeu dos nossos que partiram, sefardita que nasceu na
Bulgária, na margem do Danúbio, irmão de Elias Canetti, Nobel de
Literatura, que escrevia em alemão mas morreu cidadão britânico, na
Suíça. Jacques, esse, tornou-se francês, patrão artístico dos discos
Polydor, para proveito do mundo pelo que fez por Brel, que era belga, e
Serge Gainsbourg, filho de russos, e por ter convencido o francês,
nascido em Reggio nell' Emilia, Itália, Serge Reggiani, então com 41
anos, a começar a cantar. Isto deu: Ma Liberté, Votre Fille a Vingt e
Sarah, canções oferecidas por um grego, nascido no Egito, Georges
Moustaki.
Há uns anos, em 2008, eu escrevi uma crónica sobre Aznavour,
que cantara na véspera em Lisboa. Uma crónica sobre um rapaz batizado
Shahnourh, filho de arménios, que virou Charles e símbolo de França,
porque nasceu num porto, num cruzamento do mundo, em Paris. E dele parti
para a canção de há quarenta anos, Le Métèque, que não era dele, era de
Georges Moustaki. A canção do meteco, palavra do grego metoikos, como
os atenienses chamavam aos que não eram da cidade, que viviam nela mas
tinham vindo de longe. Meteco como Moustaki, filho de Alexandria, e que
desaguou em França para a inundar de belas canções. Meteco como
Aznavour. Este fez 89 anos anteontem. Moustaki morreu ontem. Ambos
amantes de Édith Piaf, filha de uma berbere...
Onde é que eu estava? Ah, já sei, a Europa. É grande.
«DN» de 24 Mai 13 Onde é que eu estava? Ah, já sei, a Europa. É grande.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
O TALENTO E A SENSIBILIDADE PODEM VIR DE QUALQUER "BURACO" DA TERRA.A NATUREZA DISTRIBUI SEM OLHAR A QUEM.ESTÁ~LHE NO SANGUE!
AINDA BEM...
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