16.5.13

"Que las hay, las hay", as maldições...

Por Ferreira Fernandes
SOU INCRÉU de tudo que não apalpe - mas não sou burro. Às sete, é de vez. Está bem, acredito na maldição! Mas se é para entrar nessa de benzeduras e dentes de alho, então muda tudo. O nome passa a ser Sport Lisboa e Mau Olhado. Levamos a Viena uma umbanda de fama de Salvador da Baía - e ela será a última coisa brasileira que se contrata -, vai-se à campa de Béla Guttmann e evoca-se Ogum e Santa Bárbara. Todos os anos, uma delegação com dois jogadores das finais de Berna e Amesterdão (a longínqua, a boa) vai ao cemitério de Viena com a oferenda de uma garrafa de aguardente para acalmar o espírito do deitador do enguiço: "Nem daqui a cem anos, o Benfica volta...." OK, aceitamos a maldição e vivemos com ela. O estádio será rebatizado Terreiro da Luz. Regar o relvado só com sangue de galinhas devidamente sacrificadas... 
Por outro lado, tenta-se reviver o passado glorioso até ao pormenor. Lembrem-se: Maurício Vieira de Brito, o presidente das duas glórias de antigamente, não tinha bigode. E treinadores, só húngaros e carecas. Jogadores não é com vídeos que se contratam, é pedindo BI: transmontano ou alentejano, mesmo coxo, contrata-se. Se o Enzo Pérez quiser continuar encarnado, que fale primeiro com a Presidente dele e se ela abdicar de alguma soberania (mudar o nome de Buenos Aires para Lourenço Marques, por exemplo), prolonga-se-lhe o contrato. 
A tática é essa: respeitar a maldição e aguentar. Só faltam 49 anos.
«DN» de 16 Mai 13

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