«Dito & Feito»
Por José António Lima
A INVEJÁVEL vitalidade e a inesgotável energia de Mário Soares só têm
paralelo no seu desmesurado ego político. Soares já teve o país a seus
pés na viragem dos anos 80 para os 90 quando ultrapassou 70% dos votos
na sua reeleição presidencial, vendo depois esse pecúlio eleitoral
esvair-se para uns quase humilhantes 14,3% na requentada e imprevidente
candidatura de 2006.
Agora, está reduzido à assistência de uma
acanhada Aula Magna onde avultam bloquistas e alguns defensores de um
serôdio frentismo de esquerda. Mas o ego de Soares continua a achar que
determina a evolução do PS e condiciona a governação do país. Nem que,
para tanto, sobreponha agora – ao melhor estilo do PCP e das teses de
Cunhal – a legitimidade da rua e das manifestações à legitimidade do
voto e das maiorias parlamentares.
Uma das especialidades desse
incansável activismo de Mário Soares é a recorrente tentativa de
influenciar a corrida presidencial lançando nomes e candidatos da sua
lavra. Em 1995, ainda em Belém, para evitar a candidatura já no terreno
de Jorge Sampaio, que fugia ao seu controlo, tentou convencer Almeida
Santos, Jaime Gama e, já em desespero de causa, Manuel Alegre. Em vão.
Nenhum deles quis afrontar Sampaio.
Dez anos depois, em 2005,
iludido com o que pensava ser o seu peso político no país, Soares
surpreendeu tudo e todos ao avançar numa candidatura contra Cavaco.
Acabou com menos de um terço dos votos do ex-líder do PSDe até atrás da
candidatura independente de Manuel Alegre. A seguir, em 2010, para
boicotar a nova candidatura de Alegre, agora já apoiado pelo PS, Soares
sondou Jaime Gama, João Cravinho, Artur Santos Silva, Vera Jardim, Vasco
Vieira de Almeida, etc. Resignando-se depois a apoiar, nos bastidores, a
candidatura de Fernando Nobre. Que impediu Alegre de chegar aos 20%,
mas se dissolveria nas suas próprias incongruências.
No encontro
da Aula Magna, percebeu-se que, depois do ensaio falhado de Carvalho da
Silva, o novo Fernando Nobre de Soares se chama, agora, Sampaio da
Nóvoa. Com a mesma falta de currículo político, a mesma inconsistência
para propor soluções e alternativas, o mesmo discurso redondo e balofo.
Isso, a Soares, é o que menos importa.
«SOL» de 7 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, JAL
1 Comments:
Medina, apresente o seu currículo!
Só para comparar...
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