Gaspar: a culpa foi da chuva
Por Ferreira Fernandes
OLHA,
choveu no inverno! Como é que vocês queriam que este ministro das
Finanças, este, que falha todas as previsões, mesmo as previsíveis,
pudesse adivinhar coisa tão insólita, como o mau tempo em janeiro,
fevereiro e março?! Atenção, o nosso Vítor Anthímio Gaspar não disse -
ele nunca diz coisas simples - "a chuva tramou-nos", não. Ele disse,
ontem, no Parlamento: "(...) sendo no entanto que o investimento no
primeiro trimestre deste ano é adversamente afetado pelas condições
meteorológicas nos primeiros três meses do ano." Mas a mensagem passou: a
chuva tramou-nos. Foi interessante ver o rei da falta de precipitação a
queixar-se do excesso dela.
Não tivemos, pois, investimentos na eira,
mas tivemos chuva no nabal em que o País se tornou. Então, aquele que
aceita tudo que a manda-chuva Angela manda, revoltou-se ontem contra a
Santa Bárbara que não se lembrou de nós quando troveja.
A vingança será
terrível, vão ver: os Serviços Meteorológicos que fecham, as altas
pressões dos Açores cortadas a metade, os guarda-chuvas taxados com IVA
de 35 por cento... Era de esperar que um tipo que fala de forma tão
pausada fosse anticlone. E como se confirmou que em abril águas mil e
agora nos surpreendemos com um junho molhado, o diagnóstico do segundo
trimestre já está feito: o País gripou e nós, engripados. Feliz só o
Gaspar, com desculpa para todo o ano. E seguindo, sereno, a mesma e
inflexível linha: "Meter água aqui, só eu!"
«DN» de 8 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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