«Dito & Feito»
Por José António Lima
PAULO Portas não pára de nos surpreender. Agora, resolveu inovar e abrir
o Congresso do CDS duas semanas e meia antes da data marcada.
Aparecendo
ao país numa declaração de 64 minutos centrada na sua moção de
estratégia e transmitida em directo por várias televisões. Esta
intervenção de fundo serviu para aumentar de dois para três os seus
tempos de antena mediáticos proporcionados pelo Congresso de 6 e 7 de
Julho. Além disso, permitiu a Portas transmitir três ideias que merecem
registo.
A primeira é a reafirmação clara de que o país precisa de
um Governo estável e de que o CDS se oporá a uma crise política
antecipada. Não haverá, pois, mais TSU, pensões, impostos, orçamentos ou
autárquicas a ameaçar rupturas na coligação. Ficamos todos mais
descansados.
A segunda é a transformação do CDS no maior apoiante
político do Presidente da República (com mais entusiasmo até do que o
próprio PSD...) quando este enfrenta uma fase difícil de popularidade.
São várias as referências elogiosas de Portas às chamadas de atenção e
discursos de Cavaco Silva. Ficamos todos com um sorriso perante tal
evolução.
A terceira é a pulsão a que Portas não consegue resistir
de tirar o tapete ao seu parceiro de coligação e de Governo. O líder do
CDS descarta responsabilidades, demarcando-se do memorando da troika
que, por acaso, até assinou... mas «não ajudou a definir» (como fez o
PSD). Atira o ónus das más decisões e medidas mais impopulares para cima
de Passos e Gaspar, como «a TSU à custa dos rendimentos do trabalho» ou
«a TSU dos pensionistas» que o CDS rejeitou. Chama a si, com o maior
descaramento, os louros do Governo e, «sem procurar ser exaustivo»,
enumera 25-medidas-25 que têm «a impressão digital do CDS»: dos
genéricos ao IVA de caixa, passando pela suspensão do TGV. E termina
propondo «o desagravamento do IRS», entre outras benesses e reformas –
que, a cumprirem-se, será por mérito seu e, a não se cumprirem, será por
incapacidade ou bloqueio de Passos, de Gaspar e do PSD em geral.
Paulo Portas tem um apurado sentido de gestão do espaço político. Perde-se é nos excessos de encenação e de presunção.
«SOL» de 21 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, JAL
1 Comments:
realmente o joker deve encantar os seu fieis escudeiros. será que lhes promete uma viagenzita nos submarinos? mais que não seja até as berlengas.
Enviar um comentário
<< Home