O autarca que engolia papéis
Por Ferreira Fernandes
AUTARCA cujo papel é engolir em seco nunca se tinha visto. Aconteceu em
Portimão, com o vice-presidente Luís Carito (PS). Estava um inspetor da
PJ a fazer-lhe uma busca a casa, Carito arrancou-lhe uma folha da mão e
engoliu-a. A PJ diz que o papel servia de prova; o autarca tomou-a à
letra e provou. Seria vício do vice? Eu se fosse de uma terra com a
notável tradição doceira de Portimão, de dom-rodrigos e morgados, nunca
mais daria o meu voto a um tipo que chama um figo a um vulgar
mil-folhas, ainda por cima reduzido a uma só.
A cena é caricata
(plagiada, aliás, dos Gato Fedorento: "o papel?", "qual papel?", "o
papel...") e deixa-nos em dúvida sobre o que estava lá escrito. Em
termos judiciários, Carito tem interesse em dizer que o seu papel na
câmara era meramente de embrulho e a folha engolida não tinha nada
escrito. Mas, em fim de mandato, deixa um autarca mal colocado
apresentar-se com o balanço de um papel em branco. Dá vontade ao eleitor
de não voltar a passar-lhe cartão na urna mas, sim, reciclá-lo no
ecoponto. O que não impede que, com o seu gesto, o autarca Carito tenha
feito o papelão da semana.
Tanta fama até é capaz de lhe dar a ideia de
voltar a candidatar-se. Estou a ver os cartazes: "No anterior mandato
foi uma folha A4, mas para o próximo prometo engolir uma enorme folha
A1." Graficamente ficava bem uma foto de Carito a roer um dos cantos do
cartaz. Cada um tem os pergaminhos que merece.
«DN» de 23 Jun 13 Etiquetas: F.F
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