28.7.13

Em defesa de Maria Luís Albuquerque

Por Ferreira Fernandes
ACHO a polémica sobre os contratos schweppes muito pouco tónica. Ao contrário da ginger ale, que parece álcool, sabe a álcool, mas não é alcoólica, os contratos schweppes parecem e sabem a chicana, e são. Dito isto, quero falar sobre Maria Luís Albuquerque (MLA). Não sobre os tais contratos - embora também tenha havido schweppes laranja (há anúncios!) -, mas sobre a questão diáfana da mentira. Como soubemos (oh quanto!) ao longo destas semanas, MLA disse no Parlamento que nos dossiers de passagem de poderes ela nada viu dos tais contratos. E, mesmo depois de apareceram várias provas de que, afinal, sabia alguma coisa, ela insiste que não mentiu. Aqui chegados, lembro Bill Clinton, que, sob juramento, declarou que nunca teve "relações sexuais" com Monica Lewinsky (e, de facto, biblicamente aquilo que fez com ela não faz bebés). Trago o velho Bill para lembrar que na política (ao contrário do que disse um tolo), o que não é dito exatamente, por mais que pareça, não é. MLA pareceu dizer no Parlamento que nada sabia daqueles contratos? Pareceu. Mas não foi isso que disse. Ela disse o que disse: que nos tais dossiers não havia nada, niente, kaput dos contratos. E ponto. Mal seria que no meio duma política catastrófica - em factos, números e vidas - andássemos a caçar quem se exprime dubitativamente, como, aliás, todos se expressam.
"DN" de 28 Jul 13

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