Passos: recrute-os mas com memória
Por Ferreira Fernandes
FALOU-SE sempre deste pecado da nossa democracia: passar pelos governos de Portugal era só trampolim. Se poucos aceitavam pela honra de servir, menos seria por causa do ordenado que, não sendo pífio, não era por aí além. Então, era-se ministro porquê? Com a injustiça de generalizar, apareceu uma boa explicação: os governantes, armadilhando as leis com umas vírgulas malandras, quando abandonavam o cargo ou iam para as administrações das empresas privadas em troca dos favores já feitos ou com a função de desarmadilhar os decretos-lei que eles, ex-governantes, como autores tão bem conheciam. O sentido da viagem era sempre o mesmo - do Governo para as empresas - e a ganhar sempre mais, porque mais rendiam.
Estávamos assim quando o atual Governo foi buscar, a um banco que traficara com swaps vendidos ao Estado, o dr. Pais Jorge, exatamente com a função, agora, de renegociar os swaps que lesaram o Estado. Uns desconfiados exigiram logo a demissão do novo secretário de Estado do Tesouro. Tolos! Por uma vez que tínhamos invertido a tendência maléfica - agora vinha para governante quem tinha aprendido os truques na privada -, desatávamos a criticar... É certo que Pais Jorge já disse não se lembrar de como se passaram as reuniões em que o seu banco quis vender gato por lebre - mas há que aplaudir a sua contratação.
Agora, é só melhorar: ir recrutar à privada, sim, mas quem não se tenha esquecido de como aldrabar.
«DN» de 4 ago 13Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Pois, se durante tanto ano andámos com a ideia de ter no governo gente capaz, isenta, honrada, abnegada, ao serviço dos superiores interesses da Nação e as coisas foram sempre piorando, o melhor é ir buscar outros, diferentes, com provas dadas, independentemente da gravata que usem.
Quem poderá inverter a trajetória das finanças públicas, pôr o PIB a crescer, criar superavits, riqueza para todo o povo?
Os mais capazes estavam e estão ainda na SLN/BPN & sucessores: são mais do que suficientes para formar um bom governo; capazes de dar a volta a qualquer negociador que nos apareça a pedir contas, seja do FMI, do BCE, da UE, americano, russo ou chinês; a chanceler alemã então, coitada, haveria de vir comer o milho à mão.
Faça-se um abaixo-assinado a exigir Oliveira e Costa para o Ministério das Finanças. Ele tratará de tudo.
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