5.9.13

A Síria já basta assim

Por Ferreira Fernandes
NUM conflito há sempre alguma razão de um dos lados e, às vezes, até dos dois. Na Síria, de um lado está uma ditadura, a de Assad, que se apoia noutra (Irão), enquanto apoia terroristas em territórios vizinhos (Hezbollah); e, do outro, estão terroristas (Al-Qaeda) patrocinados por ditaduras (Qatar e Arábia Saudita). Claro, de ambos os lados também está gente inocente, mas refém de um (Assad) ou de outra (Al-Qaeda), que são também, um ou outra, os únicos a acabar vencedores. De fora, ao resto do mundo, só cabia esperar que internamente se resolvesse o dilema (suspirando, os mais avisados, para que aquilo não descambasse porque para pior já basta assim). Mas aconteceu a subida da parada: gasearam-se multidões. Sendo assim, a escolha por um dos lados era inevitável: gasear tem o estatuto de mal supremo. Logo, entre os dois maus, havia um mais mau do que o outro. Obama achou que podia ir por aí. Até porque o ir, desta vez, era um ir relativo: nada de invasões de tropas, só bombardeamentos a arsenais dos tais gases. Ora, esta prudência não nasceu da sabedoria mas da memória de uma experiência falhada, a da invasão do Iraque. Então, já que estamos na memória, seria bom lembrar que a lição da precipitação (chamemos-lhe assim) por causa das armas de destruição em massa no Iraque também aconselharia que se tirasse bem a limpo quem, na Síria, gaseou. Não que isso resolva a Síria, mas talvez ajude a não cometer erros de repetição.
"DN" de 5 Set 13

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1 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

A guerra é importantíssima para a economia, além de dar circo ao povo, dá pão a muito empreendedor. o Nobel Barack tem muitas razões para ela, e uma delas chama-se estímulos à economia, ou na língua dele quantitative easing.

9 de setembro de 2013 às 10:26  

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