26.9.13

Passeando por Londres

Por C. Barroco Esperança
HÁ MAIS de duas décadas, vagueava por uma avenida londrina e ia esquecendo os pobres “sem-abrigo” que, àquela hora, começavam a acomodar-se em vãos de lojas, abrigos de ocasião, alheios à luz intensa da iluminação pública e à circulação de turistas ávidos de percorrerem a cidade. Alguns ainda mastigavam umas bolachas antes de adormecerem, tendo como travesseira os parcos pertences.
Via-os ajeitar cartões e jornais, para se cobrirem, às vezes cobertores puídos pelo uso e sujos pelas poeiras e restos de comida que denunciavam a função de toalha em outros horários. A frequência da miséria amolece a vigilância cívica e embota a sensibilidade. Eram drogados, deficientes, marginais incapazes de se adaptarem ao trabalho e às regras da sociedade, pensava eu, enquanto contemplava a arquitetura da cidade e percorria com o olhar a silhueta do palácio de Westminster e do Big Ben ou observava as margens do Tamisa. (...)
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