Passeando por Londres
Por C. Barroco Esperança
HÁ MAIS de duas décadas, vagueava por uma avenida londrina e ia
esquecendo os pobres “sem-abrigo” que, àquela hora, começavam a
acomodar-se em vãos de lojas, abrigos de ocasião, alheios à luz intensa
da iluminação pública e à circulação de turistas ávidos de percorrerem a
cidade. Alguns ainda mastigavam umas bolachas antes de adormecerem,
tendo como travesseira os parcos pertences.
Via-os ajeitar cartões e jornais, para se cobrirem, às vezes cobertores puídos pelo uso e sujos pelas poeiras e restos de comida que denunciavam a função de toalha em outros horários. A frequência da miséria amolece a vigilância cívica e embota a sensibilidade. Eram drogados, deficientes, marginais incapazes de se adaptarem ao trabalho e às regras da sociedade, pensava eu, enquanto contemplava a arquitetura da cidade e percorria com o olhar a silhueta do palácio de Westminster e do Big Ben ou observava as margens do Tamisa. (...)
Texto integral [aqui]Via-os ajeitar cartões e jornais, para se cobrirem, às vezes cobertores puídos pelo uso e sujos pelas poeiras e restos de comida que denunciavam a função de toalha em outros horários. A frequência da miséria amolece a vigilância cívica e embota a sensibilidade. Eram drogados, deficientes, marginais incapazes de se adaptarem ao trabalho e às regras da sociedade, pensava eu, enquanto contemplava a arquitetura da cidade e percorria com o olhar a silhueta do palácio de Westminster e do Big Ben ou observava as margens do Tamisa. (...)
Etiquetas: CBE
<< Home