Mais outra lição da PT sobre o que é Portugal
Por Ferreira Fernandes
EM JULHO de 2010, o Governo português fez finca-pé e retardou a venda da telefónica brasileira Vivo, então da PT, aos espanhóis. Argumento: por interesse nacional, a PT devia estar no Brasil. Muitos opuseram-se. Belmiro de Azevedo aconselhou a venda imediata: "É muito difícil haver outra oportunidade como esta." Três anos antes, aliás, quando ele fizera uma OPA à PT, já havia prevenido que venderia a Vivo aos espanhóis e por dois mil milhões de euros. Mas o patrão da PT, Zeinal Bava, em vez de ouvir o colega, alinhou com o Governo no finca-pé. Ora, ao arrepio dos sábios das leis do mercado, não só os espanhóis aumentaram a parada (passaram a oferta para 7,5 mil milhões de euros) como, com o tempo e dinheiro ganhos na negociação, a PT pôde continuar no Brasil, aliando-se a outra telefónica, a Oi.
Esta semana, a PT e a Oi voltaram a ser notícia, fundiram-se: agora são a CopCo. Esta será dirigida por portugueses, embora a sede, a maioria do capital e a aposta de crescimento sejam brasileiras. Os humoristas brasileiros já dizem que o emblema da empresa devia ser uma "menina com bigodão" (Folha de São Paulo). E os pessimistas portugueses titulam "Oi Brasil, tchau PT" (Expresso).
Eu de operações financeiras nada percebo. Mas de geografia, sei: a PT está onde deve estar. E, sobretudo, está lá como deve estar: pensando grande. Os contabilistas quando agarram no telemóvel olham para o dedo; Zeinal Bava olha para a Lua.
«DN» de 6 Out 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home