Se me dão licença, não, não foi em Marte
Por Ferreira Fernandes
QUATRO
tipos sobem para o tejadilho do carro, põem-se nus e dançam. Outro
filma-os e o vídeo aparece na Net. Calculem o sofrimento horrível do
capô, espezinhado pelos brutos. Felizmente há leis na Arábia Saudita e
os energúmenos foram condenados, cada um, a 2000 chibatadas e a dez anos
de prisão.
Por seu lado, Fayhan al-Ghamdi, predicador islâmico muito
popular pelas suas aparições televisivas, andando preocupado com a
virgindade da sua filha Lama, de cinco anos, partiu-lhe costelas,
esmagou-lhe o crânio, queimou-lhe o ânus e matou-a. Segundo a notícia da
CNN, exames médicos comprovaram o horror no tribunal e Fayhan al-Ghamdi
confessou. Não ficamos a saber, porém, se a menina se arrependeu por
ter atormentado o pai, único refrigério em toda esta triste história, já
que o pobre homem quando predicava insistia nos prémios a que conduz o
arrependimento perante Deus. Adiante. O tribunal decidiu: 600 chibatadas
e oito anos de prisão.
Não me cabe tentar fazer Direito Comparado, cada
povo é um povo e os outros são geralmente estranhos. Mas por mera
cultura geral é bom saber que, algures, um capô amolgado vale mais dois
anos de prisão e 1400 chibatadas do que uma menina torturada. O
predicador já o devia saber e por isso não praticou as sevícias em cima
do carro. Mas, na verdade, não tiro grande conclusão sobre ele, malucos
há em todos os lugares. Já os critérios daqueles tribunais, há muito que
os tomei como assunto pessoal.
«DN» de 10 Out 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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