Da série: afinal havia outro
Por Ferreira Fernandes
A mulher de quem agora tanto se fala, já teve outro homem de quem não se fala tanto. A atriz francesa Julie Gayet foi casada durante seis anos com o escritor argentino Santiago Amigorena, separaram-se em 2009. Ele publicou no final do ano passado o romance Des Jours que je n'ai pas oubliés (Dias Que Não Esqueci). Ficção que talvez não o seja tanto: fala dum escritor, marido de uma atriz que partiu para outro. A revista L' Express dá-nos algumas frases: "Quando ele a conheceu, ela era tão bela que fazia medo olhá-la." Até àquela "única e primeira mentira" em que "tudo, absolutamente tudo, se tornou falso." L' Express diz que o romance é "um pouco kitsch, mas profundamente comovente." Julie Gayet é a agora famosa amante de François Hollande, protagonista real de uma famosa notícia. Há dias, quando uma revista cor-de-rosa revelou o assunto, escrevi aqui uma crónica onde me insurgia contra um pormenor. O título da revista pretendia falar de "O Amor Secreto do Presidente" E eu escrevi: amor e notícia não combinam. Dando de barato a questão jurídica (publica-se ou não o que é privado?), lembrei que amor é coisa tão íntima e funda que não se compagina com o olhar breve de uma notícia. Nessa matéria todo o jornalista é um mentiroso. A ter que abordar o affaire, que se vá pela scooter, croissants ou segurança do Estado... De amor, um escritor kitsch ou um amigo corno falarão sempre melhor que o olhar distante do maior dos jornalistas.
«DN» de 16 Jan 14 Etiquetas: autor convidado, F.F
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