A gala do golo
Por Ferreira Fernandes
O inglês pode ser a língua mais mal falada do mundo. Mas o português é a língua mais falada com os pés do mundo. E ambas as frases são troféus. Ontem, na Gala da Fifa, foi a noite de Eusébio, Fernanda Lima, os dois Ronaldos, Dani Alves, Thiago Silva, Neymar, Pelé, Cafu e Amarildo... Falou-se português breve, mata-se Eusébio em 30 segundos, e português longo, Amarildo falou, falou... Ele substituíra Pelé (lesionado) no Mundial de 1962, e Nelson Rodrigues, exagerado como sempre, decretou: "O autor do Amarildo é Dostoievski." Pelo ouvido ontem, daquela vez o cronista pecou por defeito: Amarildo é mais Tolstoi, o de Anna Karenina e da Guerra e Paz - tem mais páginas.
Boa de semiótica foi Fernanda Lima: depois do arrojado decote dourado no sorteio do Mundial, ela ontem não quis dar a entender que haveria duas bolas de ouro a distribuir. Tapou com uma trepadeira. A Mourinho, despeitado por não ter estado lá, não se lhe pergunte de que choro gostou mais, de Pelé ou de Cristiano Ronaldo: "Do verdadeiro", dirá, sugerindo Pelé. Depois vai desculpar-se dizendo que Pelé chora há mais tempo. Por outro lado, não se ataque Carlos Queiroz por não ter votado em Cristiano Ronaldo para melhor do ano. Ele tem todo direito a ter a sua opinião. O problema de Queiroz é outro: tem sempre a opinião errada. Já Joseph Blatter provou ontem que esteve sempre certo: Messi é, de fato, o mais brilhante.
«DN» de 14 Jan 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
3 Comments:
Só por mor dumas dúvidas:
De fato,por estar brilhantemente vestido?
José
Pelo que conheço de Ferreira Fernandes e do seu humor, julgo que é essa a ideia.
Talvez ele tenha, ainda, jogado com o trocadilho de "facto" com "fato" (segundo a nova ortografia)
Pelo que vou lendo nos meios de comunicação,temia o pior.Mas gostaria que o autor tivesse utilizado o duplo sentido deixado pelo (des)acordo ortográfico,tal como C.M.Ribeiro supõe.
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