5.1.14

Há vídeo deste momento redentor

Por Ferreira Fernandes
Ontem, em Durango, País Basco, 63 ex-presos da terrorista ETA anunciaram que a via, agora, é pela política, não pela violência. Quem leu o comunicado foi um homem de cabelos brancos, José Antonio Ruiz, conhecido por Kubati. Ele cumpriu 26 anos de prisão por 13 assassínios. Atrás dele, de pé, os seus companheiros tinham passado 1500 anos presos, uma média superior a 20 anos. São homens derrotados, seguiram um caminho de erros irreparáveis, mortes, e sequestraram pelo terror as suas cidades. Ontem, apagaram esse passado com uma frase branca: "Aceitamos toda a nossa responsabilidade sobre as consequências do conflito." Mas faltaram palavras. Dolores González, conhecida por Yoyes, que era dirigente da ETA, abandonou a organização nos anos 1980 por ter percebido o que os atuais dirigentes agora dizem: em democracia, a via é política. A 10 de Setembro de 1986, em Ordizia, sua cidade natal, Yoyes ia com o filho de 3 anos na mão, quando um homem a atirou ao chão com dois tiros. Kubati - era ele, o que leu ontem o comunicado - debruçou-se e deu-lhe o tiro final na cabeça. Logo no mês seguinte, o terrorista fez outro atentado que matou um general, a mulher e o filho menor, e a portuguesa Maria José Gonçalves, que passava. Ontem, depois do comunicado, um jornalista levantou-se e disse, calmo: "Nas vossas mãos há 309 mortos. Que ganharam com isso? Não querem pedir perdão, não?" Kubati nunca levantou os olhos. Virou-se. Fugiu.
«DN» de 5 Jan 13

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1 Comments:

Blogger brites said...

Há perguntas que não acrescentam nada.

E você sabe.

6 de janeiro de 2014 às 11:07  

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