Seria boa ideia não poupar nisso
Por Ferreira Fernandes
Há dias, preocupado que estava eu com a maneira desapiedada como a tragédia dos jovens engolidos por uma onda na praia do Meco estava a ser tratada, falei só disso e descurei o cuidado. Um leitor, prático, lembrou-mo: o mar da nossa costa exige precauções que o encanto dele e o hábito de o frequentar nos fazem esquecer. No blogue para que o leitor me remeteu havia a foto de um molhe que apesar das ondas era pisado por alguém que fotografava. É certo que Robert Capa dizia "se uma fotografia não está suficientemente boa é porque não se está suficientemente perto". Mas também é verdade que o grande fotógrafo morreu por estar demasiado em cima de uma mina... Ontem, lembrei-me dessa foto do molhe quando vi a marginal da Foz do Douro varrida pelo mar. Entre os carros a vogar havia um autocarro panorâmico, onde, no topo, turistas que tinham pago bilhete para um encantador tour pela cidade passaram uma tangente, no mínimo, a desporto radical.
Ontem, foi só tangentes - esses carros a boiar na Foz, o homem que se feriu ligeiramente "a ver o panorama" (saiu-lhe uma onda em 3 D), no Furadouro, Ovar, e outros candidatos a Capa, no paredão da Costa de Caparica. Felizmente, pudemos ver as imagens sem gosto amargo. Mas aquele leitor tem razão - e ouvindo o que os noticiários internacionais dizem sobre a loucura do tempo, mais razão tem.
O nosso mar e nossa costa estão a precisar de um simples, prático e muito difundido "Modo de Usar".
«DN» de 7 Jan 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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