27.4.14

Daqui a dois dias outra revolução

Por Ferreira Fernandes 
Desculpa batida: "Eh pá, então não é que me esqueci da carteira?! Paga aí que dou-te logo o dinheiro..." No Reino Unido, há só mais dois dias para essa desculpa: os bancos mais importantes vão lançar, a partir de terça-feira, o Paym. Ideia: uma pessoa pode esquecer-se do dinheiro mas ninguém hoje em dia sai sem telemóvel... Então, será com este, com a facilidade de se dedilhar uns números, que se paga a parte da conta que nos coube no almoço, paga-se a mulher a dias... Com os dois registados nos bancos, quem envia e recebe, o Paym não exige códigos ou nibs, só pede a quem paga que marque o número de telemóvel do outro, que confirme o nome e, depois, que carregue no "send", envio. Não é só o fim já anunciado dos cheques que se confirma mas, sobretudo, da vitória inelutável do dinheiro virtual sobre as notas - além de transformação dos bancos (com o seu cortejo de fecho de agências e muito menos trabalhadores) para uma atividade tão palpável como alugarmos um filme ao sábado à noite. A voragem do progresso é tão rápida que o Paym já tem um sucessor, o Weve, também com o suporte de bancos e prosseguindo a filosofia: transformar o telemóvel em forma mais usual de pagamento. A meados de 2015, o telemóvel é que abre as entradas no metro e autocarros londrinos. Sinal: em Londres, a partir de 6 de julho, já não serve a desculpa de "eh pá, não me esqueci do dinheiro: dê-me um bilhete!" Não dão, não. Não aceitam cash. Só telemóvel. 
«DN» de 27 Abr 14

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