3.5.14

Desculpem falar de taxas irrelevantes

Por Ferreira Fernandes 
Já me perdi com tanto número e seu significado: ter taxa de mortalidade infantil baixa é bom? Vou arriscar: as crianças viverem, sim, parece que é bom. Quer dizer, naquele mundo de boa vai ela, quando éramos uma cambada de hedonistas, com as mães a não quererem perder o seu bebé, claro que todos gostavam de taxas assim. Mas mesmo com critérios sérios, daqueles que o FMI aprova, é bom. Portugal é dos países europeus com menor crescimento demográfico e, portanto, taxa de mortalidade infantil baixa significa que teremos mais gente para trabalhar amanhã. E é assim que fiquei muito contente por ver um estudo, ontem, na revista científica britânica The Lancet. Entre os 18 países da Europa Ocidental - os europeus mais bem classificados, com taxas muito mais baixas do que os da Europa Central e do Leste -, Portugal está no pelotão dos seis da frente com menos mortes infantis. Por mil nascidos, só morrem 3,5 crianças até aos 5 anos, classificação em que só Finlândia, Noruega, Luxemburgo, Suécia e Islândia são melhores. Em defesa dos bebés, somos os escandinavos do Sul, melhores até do que a Alemanha (e, em 1960, tínhamos o dobro de mortes dos alemães...) Os nossos últimos 20 anos foram extraordinários. Vamos seguir com essa política de saúde pública que deu tão bons frutos? Atenção, não se veja aqui nenhum apelo a vivermos acima das nossas possibilidades, credo! Eu quero é garantir que não nos falte mão-de-obra no futuro. 
«DN» de 3 Mai 14

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