24.5.14

História para contar ao intervalo

Por Ferreira Fernandes 
Disse o espanhol Filipe II, ao tornar-se Filipe I de Portugal: "Portugal é meu porque o herdei, porque o paguei e porque o conquistei." Foi em 1580. Hoje, se pagar pagam todos os 120 mil espanhóis entrando em Lisboa, nem todos podem conquistar a Catedral. A nobreza entra, os sem bilhetes, não. Mas quem é esse Filipe? Para perceberem com conceitos modernos, era uma espécie de Jorge Mendes do antigamente, que ficou, ao juntar os dois lados de Tordesilhas, senhor de um mundo onde o Sol nunca se punha. Tal como o citado Mendes é hoje o senhor dos passes dos do Real (Cristiano Ronaldo, Pepe, Coentrão e Di María) e do Atlético (Diego Costa, Miranda, Tiago e Adrián), onde os holofotes nunca se apagam. Esse Filipe que foi rei de Espanha e de Portugal, foi também rei de Inglaterra pelo casamento com Maria Tudor, e foi rei de quase toda a Itália, incluindo Milão. Se repararem, um percurso bastante parecido ao de José Mourinho, o de Setúbal (sobre a qual marchara quase meio milénio antes, o duque de Alba para conquistar o Alentejo para o citado Filipe). São dados avulsos, que vos sirvo grátis, para animar no café a conversa com nuestros hermanos mais infelizes e sem bilhete. Entre uma e outra imperial (seja hospitaleiro, diga caña), promova esse Filipe de II a I, lembre que ele é filho de Isabel de Portugal e desminta o jornal ABC. Dizia este, ontem: "Madrid, capital del fútbol." Mostre-lhe as ruas: "Es Lisboa, coño!" 
«DN» de 24 mai 14

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