10.6.14

Duas histórias, dois destinos

Por Ferreira Fernandes 
O senhor Aurélio, com oficina de estofador na Damaia, teve algumas dificuldades de caixa por causa da crise. Ele foi ao banco pedir guita, que lhe foi dada mas só em parcelas e com fiador. Isto foi para aí em 2011, e o senhor Aurélio foi recebendo os empréstimos a troco, cada vez, de apresentação da fiança. O último empréstimo estava para ser entregue em maio mas, por razões que não vêm ao caso, o fiador, dessa vez, esquivou-se a dar a garantia. Desesperado, o senhor Aurélio forjou a assinatura do fiador e entregou-a no banco. A coisa soube-se, a última tranche do empréstimo já não lhe foi dada e o senhor Aurélio vai ver o Mundial no refeitório da Penitenciária de Lisboa. Agora, outro caso. Uma reputada empresa portuguesa aproveitou a mudança de gerência e reconverteu-se na exportação de desculpas para todo o mundo. Tendo-se verificado um aperto de cash-flow, a importante firma recorreu ao banco internacional FMI & Filhos. Este disponibilizou o financiamento e exigiu que fosse em parcelas e com caução. Tudo se passou mais ou menos bem até à última: o fiador decidiu não dar aval à firma. No entanto, o CEO da firma, com dolo, fez-se ao piso para receber a última tranche, garantindo que ela estava avalizada. Não estava, era uma declaração falsificada, como até um tribunal veio dizê-lo em comunicado. Que aconteceu ao CEO falsário? Também foi preso? Népias, até se queixa de não ir ver o Mundial ao Brasil por estar muito ofendido.
«DN»de 10 Jun 14

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