É mais prudente ser rei
Por Ferreira Fernandes
A França já nos tinha dado um Rei-Sol. Parecia pretensioso mas, reparem, havia uma só estrela. Agora temos um Presidente-Galáxia, como lhe chamou o jornal Le Monde ontem, falando de uma galáxia - leia-se, miríade de sóis - de affaires à volta de Nicolas Sarkozy. É a despreocupação que surpreende: como se permitiu ter tantos rabos de palha? Os juízes investigavam o apoio financeiro do ex-líder Kadhafi a uma campanha presidencial de Sarkozy, por isso escutaram telefones dos seus ministros, o que criou suspeitas de subornos de magistrados num caso de uma milionária que dava dinheiro por baixo da mesa, o que levou ao arranjinho da indemnização no caso Tapie, o que destapou um caso antigo de contratos de armas para financiar um primeiro-ministro (Balladur) apoiado pelo suspeito, o que levou aos financiamentos ilegais da última campanha (2012), na esteira de contratos escuros sobre sondagens durante o mandato presidencial... Confusos? Sim, e empanturrados: com Sarkozy os affaires são como as cerejas. E falamos de suspeitas tão graves que, pela primeira vez, um antigo presidente francês foi detido para ser interrogado. Aqui chegados e aproveitando a coincidência temporal, lembra-se que Juan Carlos saiu, mas não sem antes garantir a imunidade para depois de ser rei. A monarquia tem a prudência que lhe dá o ser mais antiga do que a república...
"DN" de 4 Jul 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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