Os melhores MBA tiram-se nos relvados
Por Ferreira Fernandes
Diz-me pouco a repetida citação de Albert Camus sobre futebol. Sim, o Nobel de Literatura e ex-guarda-redes do Racing de Argel disse: "O pouco que sei da moral aprendi-o nos campos de futebol." Mas não, essa não é maior frase filosófica sobre o assunto. A maior é: "Jogo para lutar contra a ideia de perder", de Éric Cantona, futebolista e bruto. Dito isto, o futebol não é o melhor terreno para tiradas profundas. O seu sucesso vem-lhe das regras simples e por isso é que o futebol é melhor como manual de vida. O grande Oscar Niemeyer concorreu para conceber o Maracanã, não o de ontem, renovado, mas o construído para o Mundial de 1950. Ele projetou-o belo mas sem conhecer bem para que serviria. Desenhou-o assimétrico, juntando quase todos os espectadores de um lado abrigado do sol, deixando o fronteiro quase vazio. O projeto exigia demasiado dinheiro e foi recusado, o que Niemeyer, mais tarde, depois de ouvir os amantes de futebol, entendeu que fora a decisão acertada: um estádio oblongo, esse, sim, repartindo os espectadores de forma uniforme, tal como são ainda quase todos, cria o clima de festa próprio do futebol. Eis, mais um ensinamento prático que aprendi graças ao futebol. Especialistas talentosíssimos mas desconhecendo a essência (bela palavra, quer dizer coração) do negócio (bela palavra, quer dizer falta de ócio) fazem asneira se não ouvem quem devem - os amantes da essência do negócio.
«DN» de 14 Jul 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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