29.8.14

Muita tabuleta ele vai ter de apagar

Por Ferreira Fernandes 
A Praça do Império tem brasões florais das ex-colónias no jardim. O vereador Sá Fernandes quer que sejam eliminados porque brasões de ex-colónias "estão ultrapassados". É um critério e está bem defendido: ex quer dizer estar ultrapassado. Mas brasões e tabuletas existem também para lembrar coisas que acabaram. Se vamos acabar com tudo que acabou, a Praça do Império vai na enxurrada, aliás como o seu autor, Cottinelli Telmo, que também tem praça. Outra: a Rua Cidade de Salazar, no Bairro das Colónias. Parece um buraco negro: já não há colónias, nem Salazar, nem Cidade de Salazar (hoje chama-se Ndalatando). O problema é que se vamos por aí também há argumentos para acabar com a Praça da Alegria. Mas se acabamos com coisas que acabaram ou que dizem coisas com que não gostamos hoje, caímos naquilo de o apetite vir com o comer. O Beco da Ré vira Beco da Arguida. O Beco do Carrasco parece morar em Estado Islâmico. O Beco das Beatas pode ser contestado nas duas versões, contra o tabaco e o proselitismo religioso. A Avenida da Igreja merece um ponto de ordem: qual? A Triste-Feia lembra uma cidadã a quem os rapazes de Alcântara lançavam "que focinho de porca!" - queremos mesmo lembrar isso? O Jardim das Pichas Murchas (em São Vicente de Fora) faz contrapropaganda a conhecido produto farmacêutico. A Travessa do Fala-Só é inaceitável em tempos democráticos. À Avenida Mouzinho de Albuquerque só pergunto: foi justo o que se fez a Gungunhana?
«DN» de 29 Ago 14

Etiquetas: ,

3 Comments:

Blogger a d´almeida nunes said...


Pois está claro.
Não há mais nada com que gastar dinheiro? Algo que favoreça a vida dos Lisboetas?

Então mas agora vamos desatar todos os nós com que tecemos a teia da história de Portugal, da identidade do português?!

29 de agosto de 2014 às 11:12  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Eu julgo que o verdadeiro motivo é a CML não ter dinheiro nem jardineiros, e arranjaram essa justificação tonta.
Passa-se o mesmo com a calçada portuguesa: não têm quem a faça bem, ela degrada-se, e depois não há dinheiro (nem gente) para a reparar.

Mas, se calhar, podem juntar-se as duas realidades: deitam-se abaixo os Jerónimos, o monumento aos Descobrimentos e a Torre de Belém, e aproveita-se a pedra para recalcetar Lisboa...

29 de agosto de 2014 às 12:28  
Blogger brites said...


Só faltava a demagogia!

1 de setembro de 2014 às 19:14  

Enviar um comentário

<< Home