27.8.14

Uns queridos, não desfazendo

Por Ferreira Fernandes 
Morreu Douglas aos 33 anos, um bom rapaz, disse-me ontem a NBC. A cadeia televisiva americana encontrou colegas de liceu, em New Hope, no Minesotta: Douglas estava "sempre a sorrir" e gostava de jogar basquetebol. Parceiros de noitadas de sexta-feira no YMCA, a associação cristã de juventude, lembram-se de ele gostar também de dançar e que era "um tipo fixe, que gostava da família e dos amigos". 
Há dez anos, Douglas tornou-se islâmico e continuou um bom-serás. Kevin Kohlin, um sueco que o conheceu quando Douglas foi cantar rap a Estocolmo, disse à NBC: "Respeitava-me como cristão." A estação também foi ao restaurante somali, em San Diego, onde Douglas trabalhou no ano passado: "Um tipo normal e de mente aberta", disse um frequentador. Eu gosto de histórias de boas pessoas. 
Lembro-me sempre de Joseph e Magda, que podiam ter sido meus vizinhos (eles queriam ser vizinhos de toda a gente na Europa). Um casal de uma educação esmerada e era um gosto vê-los com os filhos: seis adoráveis cabecinhas louras, todas meninas exceto Helmut (com o H no nome, como todas as irmãs). Ontem a NBC, de passagem, lembrou que o americano Douglas morreu na Síria a combater pelo Estado Islâmico. Mas o que importa é que deixou muitas saudades. Que cabeça a minha, também ia esquecer-me que o meu casal amável gostava dos H por causa de Hitler, o que é natural porque Joseph e Magda chamavam-se Goebbels. Mas uns queridos, não desfazendo. 
«DN» de 27 Ago 14

1 Comments:

Blogger brites said...


você é um egocêntrico com muito talento para a escrita.um egocêntrico só "vê" o seu ponto de vista como é próprio dos portadores da deficiência. digamos que não tem vistas largas...

28 de agosto de 2014 às 10:00  

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