Entrevista ao «DN» de 10 Out 14
Por António Barreto
P: Passámos o período de resgate a ouvir dizer que o que se estava a operar não
era apenas uma transformação económica, mas também uma transformação cultural e
que o português médio iria sair da crise diferente. Isso aconteceu?
R: É muito cedo para avaliar os efeitos e consequências do tratamento de choque da
troika. E o tratamento ainda não acabou. Estou convencido de que vamos ter mais
um, dois ou três anos, ou quatro ou cinco, em que será necessário, por outros
meios, manter uma tensão grande sobre os níveis de endividamento, despesa,
investimento público e finanças públicas.
Portanto, os resultados verdadeiros só serão conhecidos mais tarde. Por outro
lado, tudo o que diz respeito às mentalidades e costumes são as últimas coisas
que mudam numa sociedade. Demora muito tempo. É mais fácil assinar um cheque
para comprar um carro do que mudar os comportamento e as mentalidades. Quando
um político não sabe o que há de dizer, diz logo que o que é preciso é mudar as
mentalidades. Isso, em geral, quer dizer que não faz a mínima ideia do que é
que está a falar nem o que vai fazer. Vivemos, nestes três anos, uma grande
crise de necessidade. As pessoas perderam empregos, rendimentos, casa, as
condições de vida que tinham e a ideia, que alguns defendem, de que se começou
a ter consumos mais racionais, que se vai ver o que é a pegada ecológica, se se
está a prejudicar as gerações futuras, isso, para já, são devaneios. (...)
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