Mal-aventurados os que não têm ferrão, só incitam
Por Ferreira Fernandes
O zângão não trabalha, como a abelha operária, nem tem ferrão como ela para se defender. Só lá está para fecundar. Fica assim explicada a tradução: em inglês, zângão é drone. Para fecundar chatices, picar cizânia, parar um jogo de futebol nos Balcãs, nada como um zângão a arrastar uma bandeira de nostálgicos da "Grande Albânia", sobretudo se for num estádio de nostálgicos da "Grande Sérvia". Como todos que não têm ferrão nem trabalham, o drone que interrompeu, na quarta, o Sérvia-Albânia é perigoso. Acirra incêndios que não pode controlar. Eu vi kosovares albaneses a mostrar-me a foto da casa que deixaram para trás quando atravessaram a fronteira e ouvi um sérvio num convento a abarrotar de refugiados a implorar-me para ir buscar o irmão incapacitado que deixara em Pec, cidade abandonada. Não gosto de quem manipula aviõezinhos brincando com isto. Fazia sentido a primeira versão que apareceu do incidente: seria Edi Rama, irmão do primeiro-ministro albanês, Olsi Rama, a manipular o drone, sentado na tribuna de honra do estádio. Como Olsi vai a Belgrado em visita de estado para a semana, parecia-me lógico, caso o irmão quisesse resolver um problema de herança. Sabe-se, desde há exatamente um século, como certos estudantes sérvios recebem as visitas de estado. Mas não se confirmou nem a responsabilidade de Edi, nem o contencioso de heranças entre os irmãos. Resta a estupidez, simples. É ainda mais perigosa.
«DN» de 16 Out 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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