14.10.14

Personificações

Por Helena Matos
Tema do meu artigo de hoje (*) no Observador
Mais de quatro mil pessoas já morreram no recente surto de ébola. Não se sabe quantas mais morrerão. Alguém fez uma vigília por eles? O combate ao ébola está a levantar questões éticas decorrentes das proibições de deslocação para populações inteiras ou da necessidade de recorrer a tratamentos experimentais sem que se cumpram os procedimentos habituais. Quantos textos de reflexão já se leram sobre estas situações? 
Digamos que já não seria mau se estes humanos tivessem conseguido provocar uma onda de simpatia similar à gerada pela cadela de Teresa Romero, a auxiliar de enfermagem espanhola contaminada com ébola. Excalibur, assim se chamava a cadela, foi abatida por ordem das autoridades sanitárias, pois poderia ter contraído ébola. No passado sábado foram convocadas manifestações em 24 localidades de Espanha para mostrar indignação pelo destino de Excalibur. A operação de retirada da cadela da casa onde se encontrava transformou-se num circo, com os manifestantes tentando por vários meios que o animal não fosse levado. – A relação que mantemos com os animais, e sobretudo a relação que o mundo mediático mantém com os animais, é cada vez mais de sofá. Sofá no sentido urbano mas também psicanalítico do termo.
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(*) 12 Out 14

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