Sem Emenda - As Minhas Fotografias
Arcadas das casas de hóspedes do santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel
É um dos mais belos locais da paisagem portuguesa. Tem Igreja e santuário, casas de hóspedes e Círios de peregrinos, convento e ermida, aqueduto e casa de água, encosta e mar. E farol ali perto. A construção do conjunto começou no século XIV. O Cabo é ventoso e tem perigosíssima descida para o mar. Há descampado a toda a volta, o sol é quente no Verão, as tempestades de chuva e trovoada são inesquecíveis. Nas últimas décadas, foram mil as aventuras: ocupações, imigrantes, veraneantes, pescadores, vendedores ambulantes, peregrinações, roubos, restauros inacabados… Até Confrarias e Associações de Amigos! Projectos de recuperação e restauro? Quase uma dúzia desde os anos sessenta. Ao longo dos anos, todavia, uma força foi vencendo: a ruína e o abandono. Talvez tenha sido melhor assim, pois foi a maneira de não estragar definitivamente um sítio e um tesouro únicos no mundo! Agora, volta a falar-se! De quê? Como não podia deixar de ser, fala-se de “hotel de charme” e de privatização! Pobre país que não pode ter nada pela sua beleza, tem de ser mercadoria!
DN, 22 de Janeiro de 2017
Etiquetas: AMB
3 Comments:
Tem razão!Pobre país que não sabe motivar o povo para a beleza e os tesouros da sua história...
E, para os que têm gosto pela geologia, há ainda as pegadas de dinossauros. Mas essas é até melhor que poucos as encontrem, não vá acontecer como na Figueira da Foz, em que houve belos fósseis de amonites destruídos... à bomba!
Doutor António Barreto, sou um grande apreciador dos seus textos e, quase sempre, concordante com as suas teses. Desta vez, embora compreendendo o ponto de vista que apresenta, permito-me discordar um pouco, quando não apoia a intervenção da iniciativa privada na salvaguarda deste tipo de património. Vejamos: o país não tem capacidade financeira para chegar à recuperação de todo (quase nenhum) o património com interesse histórico; recorre ao investimento privado e este, só lá vai com a perspectiva do lucro, de outro modo ninguém os cnovence.
Concluindo, não é este um mal menor? Não é preferível um Património restaurado, embora com condicionalismos, a uma ruina que nos envergonha?
Do mal o menos, julgo eu.
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