23.4.17

Sem Emenda - As Minhas Fotografias

O navio Niassa, no cais de Alcântara, em 1974, com soldados regressados da Guiné – Pirada era uma aldeia perto da fronteira com o Senegal. Ali, uns soldados portugueses inventaram um grupo “Os Cavaleiros de Gabú”, do nome de um antigo reino. Talvez sejam estes que, faz agora 43 anos, chegavam a Lisboa. A guerra terminara. O PAIGC ocupava Bissau e todo o território. Preparava-se a independência para Setembro desse ano. O Niassa estava atarefado, desde Abril, em trazer os soldados do Ultramar. A guerra colonial acabava. Foram duas as promessas do movimento e da insurreição de 25 de Abril: a democracia e a paz. Ambas se cumpriram. A primeira, mal e bem, com dificuldades, demorou uns anos, atravessou uma revolução, conseguiu-se. A segunda, mal, foi obtida a elevado preço. Sem meios nem força, sem estabilidade nem legitimidade, a paz alcançou-se com o simples abandono. Portugal estava incapaz de cuidar dos Portugueses ou dos Africanos, dos Brancos ou dos Negros. Entregaram-se os países aos partidos amigos da União Soviética, começaram nos novos Estados várias guerras civis que só acabaram, vinte ou trinta anos depois, com centenas de milhares de mortos. Chegaram a Portugal, num só ano, mais de 600 000 Portugueses, Angolanos e Moçambicanos, sem bens nem pátria.

DN, 23 de Abril de 2017

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1 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

Talvez,não se tenha a noção do que foi a revolução nas colónias,no período anterior às independências...mal comparado um "prec" com guerra...que Portugal(a potência colonizadora) fazia por ignorar !Recordo "ilustres jornalistas" da época(agora reabilitados, e,grandes "democratas")da propaganda que faziam dosmovimentos de libertação pró soviéticos...Mas,os portugueses esquecem com facilidade..,No entanto,as memórias persistem naqueles que regressaram sem bens de sem pátria...

25 de abril de 2017 às 15:24  

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