1.6.17

Notas soltas – abril/2017

Por C. Barroco Esperança
Alemanha – A senhora Angela Merkel continua um exemplo raro de estadista, quer na recusa do uso do véu, na visita à Arábia Saudita, quer na denúncia, perante Putin, das perseguições homofóbicas na Chechénia.
 Turquia – Depois de um referendo, convocado em estado de emergência e com prisões cheias de adversários, Erdogan foi felicitado por Putin e Trump pela vitória que permite um regime presidencial autoritário e o fim do Estado laico. A UE não se congratulou.
 Nigéria – A seita terrorista Boko Haram, leal ao Estado Islâmico, matou 15.000 pessoas e já provocou mais de dois milhões de refugiados. O seu intuito é aplicar a sharia, mas libertou 82 meninas, sequestradas desde abril de 2014, para libertar terroristas presos.
 França – A vitória de Macron, na segunda volta das eleições presidenciais, só afastou o perigo fascista. A inquietante percentagem de Marine le Pen já duplicou a do pai, e só se transformou em lenitivo por ter ficado aquém das previsões.
 EUA – O afastamento do diretor do FBI, James Comey, que dirigia as investigações às supostas ligações entre o Governo russo e pessoas próximas de Donald Trump, agravou o clima de suspeição sobre a interferência na eleição que lhe deu a vitória.
 Macron – O presidente da República Francesa, ao constituir um governo com pessoas de esquerda, do centro e da direita, não forma um governo de salvação nacional, mas é imperioso que não falhe para que fascismo não tenha uma vitória, apenas adiada.
 Fátima – A reiterada presença de cadetes fardados das Forças Armadas, a carregar com o andor da Senhora de Fátima, na procissão das velas, um hábito desde 1945, contraria a matriz laica do regime e a neutralidade religiosa a que o Estado é obrigado.
 Eurovisão – O Festival da Canção/2017 consagrou um grande artista, Salvador Sobral, e a excelente compositora, Luísa Sobral, ao conceder o 1.º prémio a Portugal. Premiou o trabalho honesto de dois irmãos e a língua portuguesa em que se exprimiram.
 UE – A insistência de Macron na revisão dos tratados e na harmonização fiscal europeia é uma proposta que os países do Sul devem apoiar. É urgente convencer o ministro das Finanças, Schäuble, de que o maior problema europeu não é a Grécia, é a Alemanha.
 Angela Merkel – As sucessivas vitórias nas eleições regionais auguram-lhe um triunfo nacional nas legislativas. Apesar de conservadora, é uma estadista corajosa contra o racismo e a xenofobia. A sua eventual vitória é também uma derrota da extrema-direita.
 Polónia – O retrocesso democrático, com reiterada violação das regras de um Estado de direito, inquieta os Estados membros da União Europeia, a ponto de advertirem o País e expressarem, pela primeira vez, inquietação pelos excessos autoritários.
 Governo – A economia cresce acima da UE há 3 trimestres e as metas foram superadas. Cavaco e Passos Coelho, vaticinando o caos, pela alteração das políticas e apoio do BE, PCP e PEV, veem arruinada a já débil reputação e deixam a direita sem argumentos.
 A.N.A. - Aeroportos de Portugal – O caos provocado, no dia 10 de maio, pela falta de combustível no aeroporto de Lisboa, com cancelamento de voos, prova quão ruinosa foi a privatização, que hipoteca também a expansão aeroportuária nacional.
 União Europeia – Combalida com o Brexit, de consequências imprevisíveis para todos, só o êxito de Macron, europeísta convicto, pode evitar que a Europa seja cada vez mais alemã e a Alemanha cada vez menos europeia, ou se desintegre.
 Brasil – A acusação formal, por corrupção, organização criminosa e obstrução à justiça, ao ainda presidente, Michel Temer, acelerou a agonia do regime e coloca o País entre a urgência de rever a Constituição, para admitir eleições imediatas, e o perigo da ditadura.
 Brasil_2 – Quando um empresário (Joesley) enriquece a comprar políticos e é perdoado a denunciá-los, não há um poder judicial do Estado de direito, há grupos de políticos e de magistrados a exercerem chantagem e vingança, num estado de corrupção endémica.
 Stephen Hawking – O célebre físico britânico disse que temos 100 anos para encontrar novo planeta para sobrevivermos, e há líderes que procuram apressar o caos, alheios ao aquecimento global, à explosão demográfica e ao esgotamento do Planeta.
 Governo – O anúncio da Comissão Europeia sobre Portugal estar prestes a ser excluído do Procedimento por Défices Excessivos credibiliza António Costa e Mário Centeno, os rostos do sucesso que, afinal, foi possível com apoio parlamentar do BE, PCP e PEV.
 PSOE – A vitória de Pedro Sánchez, regressado à liderança, não resolve as contradições internas, mas, contrariamente ao desejo dos barões, a Espanha conta com um partido fiel à matriz social-democrata, que não se rendeu ao neoliberalismo.+
 Arábia Saudita – A fonte ideológica e financeira do terrorismo islâmico comprou mais 110 mil milhões de US$ de material de guerra aos EUA e permanece no Eixo do Bem, ajudando o sionismo, para agradar a Israel, e assassinado infiéis, para encantar Maomé.
 Irão – O líder moderado Hassan Rouhani reforçou o apoio eleitoral e desafia o poder do ultraortodoxo Líder Supremo, aiatola Khamenei, mas Trump prefere o wahabita saudita, financiador do terrorismo, ao xiita iraniano, aberto ao exterior. Prefere o Eixo do Bem!
 NATO – O abandono da UE pelos EUA e RU e a ameaça turca, depois da hostilidade à Rússia, são um vigoroso impulso federador. Ignora-se se triunfa a força aglutinadora de um futuro comum ou a desagregadora dos nacionalismos que conduzem ao passado.
 Ponte Europa / Sorumbático

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