Venham os Imigrantes
Por Joaquim Letria
As emigrações e consequentes imigrações têm causado tensões e problemas políticos e sociais por todas as partes, ao mesmo tempo que vemos revelarem-se os piores aspectos da humanidade. Muitas pessoas dos países mais ricos e desenvolvidos recusam-se a aceitar gente de países, raças, culturas e religiões diferentes. Alguns políticos não hesitam em recorrer ao racismo e xenofobia para dinamizarem os seus partidos e organizarem as forças emergentes do ódio e do medo.
Quando um cigano romeno foi assassinado em Roma, o Ministro do Interior da Itália não teve dúvidas em afirmar que os imigrantes tinham de ficar cientes que os italianos estavam determinados a serem maus e cruéis para com eles.
Há boas razões para pensar que Portugal deve ter especiais cuidados com esta questão. Antes de tudo pelo envolvimento de séculos com outras civilizações e diferentes culturas, mas também porque fomos e ainda não deixámos de ser um país de abundante emigração. São cerca de cinco milhões os portugueses e os luso-descendentes que na Europa, Américas, África e Austrália ali se estabeleceram e ali criaram e educaram os seus filhos. Entretanto, a sociedade portuguesa viu-se confrontada com a chegada de imigrantes provenientes da Europa Central e do Leste europeu, África, em especial das antigas colónias, e do Brasil.
Segundo estudos, Portugal tem uma população a rondar os 11 milhões e uma população activa de 5,5 milhões. A densidade demográfica é de 114 habitantes por quilómetro quadrado e o PIB per capita é inferior aos 15 mil euros por ano. A distribuição da riqueza é muito desigual e 30 por cento dos trabalhadores portugueses ganham abaixo dos 500 euros por mês. O envelhecimento atinge metade da população. Os imigrantes são cerca de 5% da população portuguesa e 10 % da população activa.
A União Europeia mostra-se cada vez mais intransigente nesta matéria fechando as suas fronteiras e aceitando disposições que são um insulto aos valores da civilização europeia e recusando-se a compreender a importância da imigração para o seu próprio futuro. A crise que vivemos, outra que se avizinha e o desemprego crescente não nos deixam qualquer esperança de mudança.
Cerca de 200 milhões de pessoas, ou seja cerca de 5% da população mundial, vivem fora do seu país natal. Verifica-se uma concentração de imigrantes em poucos países e esses imigrantes são provenientes dum pequeno número de países.
Há estudos que demonstram que a fim de se manter o ratio entre população activa e população envelhecida e compensar a baixa natalidade seria necessário que entrassem em Portugal mais de 200 mil imigrantes por ano, o que seria uma influência positiva para o sistema de segurança social pois os imigrantes são contribuintes líquidos, representando cerca de 5% da receita do sistema e apenas 3% da despesa. Na economia portuguesa o papel dos imigrantes é, de longe, positivo.
Publicado no Minho Digital
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