23.8.19

A Tiro e à Facada

Por Joaquim Letria
Se há países onde gosto de estar e onde até já muito lá trabalhei são os Estados Unidos e o Reino Unido. Ainda agora regressei dumas férias maravilhosas nos Estados Unidos e sempre que posso dou um salto a Inglaterra onde vivi e onde um dos meus filhos estudou. Mas a ideia que se tem destes países não corresponde ao que ocorre hoje nos seus territórios nem com os seus povos e residentes. Pelo menos face àquilo que deles a Imprensa internacional dá conta, nuns casos para o bem, noutros para o mal, Estados Unidos e Reino Unido apresentam ambos taxas de violência muito preocupantes.
Nos Estados Unidos é a tiro: mais de 30 mortos a frio e a tiro em Dayton e El Paso, no mesmo fim de semana, bem podem ser ilustrativos do que ocorre naquele país onde o presidente se recusa a controlar a venda livre de armas de fogo. Este ano já se verificaram 255 tiroteios aleatórios e ao todo, incluindo rixas e violência doméstica ou de ódio, já foram mortos a tiro, desde Janeiro passado, 8930 pessoas.
No Reino Unido, onde na capital o actual presidente da câmara, Sadik Khan, também não reage à onda de violência, é à facada: ainda há pouco um automobilista reagiu à polícia de trânsito enfrentando e ferindo os agentes desarmados com uma catana. Mas para termos uma ideia geral do que acontece em Londres, Inglaterra e Gales, entre Março do ano passado e Março deste ano foram cometidos 43.576 crimes com arma branca. As estatísticas revelam que por dia há cinco jovens esfaqueados. Para corolário, um rapper de 19 anos foi condenado a 18 anos de cadeia por ter morto à facada um jovem de 15 anos. 
De ambos os lados do Atlântico os políticos não fazem nada e atribuem a causas diferentes este fenómeno preocupante. Nos Estados Unidos, republicanos e democratas acusam a Imprensa e jogos electrónicos. No Reino Unido dizem que a culpa é da música, designadamente das letras de Rap. Curiosamente ninguém fala do estado da sociedade nem dos efeitos de participações nas últimas décadas das juventudes de ambos os países nas guerras de extrema crueldade no Afeganistão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão e outros pontos onde esta geração de americanos e britânicos completaram a sua educação.
Apesar de tudo e dos defeitos que possamos atribuir ao nosso querido País, temos de concluir que com a política que nos desgoverna e vivendo um pouco à matroca, em Portugal se está bem.
Publicado no Minho Digital

Etiquetas:

1 Comments:

Blogger José Batista said...

Sim, à matroca (fui ver ao dicionário, o que me faz bem), mas com uma certa paz, não tanta quanto parece, mas ainda assim, e por comparação, em boa paz e com belíssima comida, o que são privilégios imensos.

26 de agosto de 2019 às 12:46  

Enviar um comentário

<< Home