8.11.19

A Exportação da Violência

Por Joaquim Letria
Comícios, protestos e manifestações eclodiram por todo o mundo. Impostos, taxas excessivas, vida cara, corrupção, injustiças climáticas, desemprego e fome aumentam a fúria dos povos um pouco por todos os sítios. Mas como se espalharam essas formas de protestar pelo mundo fora?
Analisando as notícias das últimas semanas é fácil perceber que o mundo está envolvido em corrupção que enfurece os cidadãos.
No Líbano, incendiaram Beirute contra um aumento de 20 cêntimos nas chamadas telefónicas. Os chilenos puseram Santiago a ferro e fogo por causa dum aumento de 17 cêntimos nos preços dos transportes. As ruas do Equador encheram-se de lixo, destroços e entulho que serviram de armas de arremesso aos manifestantes contra a retirada dum subsídio dos combustíveis. Na Bolívia, La Paz foi cenário de violentos protestos contra uma não comprovada fraude eleitoral.
Na África Ocidental, a Libéria está em permanente agitação, a República Centro Africana é cenário de tiroteios constantes e o Sudão nunca deixa de estar a ferro e fogo. Na Guiné, uma mudança na duração dos mandados presidenciais provocou mortes sem fim, os Mexicanos manifestam-se contra os cartéis da droga que matam dezenas de cidadãos e polícias. Na Faixa de Gaza israelitas massacram jovens palestinianos e Hong Kong continua na confusão meses depois dos chineses terem tirado a extradição que o território exigia.
Barcelona não pára de protestar contra Madrid, os agricultores holandeses manifestam-se com os seus tractores e em França os “Coletes Amarelos”continuam, ao fim de meses, a exigirem nas ruas melhores salários e condições de trabalho.
As manifestações e a violência parecem ser contagiosas. Um estudo da Universidade do Arizona diz que o protesto é contagioso, com a acção colectiva no estrangeiro a estimular o aparecimento de reacções internas idênticas. O antigo diplomata chinês Wang Zhen escreveu no Beijing News que “o impacto desastroso duma Hong Kong caótica começou a influenciar o mundo ocidental”. O Governo chinês também diz que Hong Kong está a exportar violência.
O drama é que responder à violência com mais violência aumenta a violência, enquanto a passividade é um sinal de fraqueza. O antigo chefe da polícia de Madison, Wisconsin, aconselha a proximidade. “Juntem-se a eles, falem com eles e mantenham o contacto e a proximidade”. Para os especialistas experientes em comportamentos de multidões e violência esta é a melhor maneira de ter um bom resultado. Será?!
Publicado no Minho Digital

Etiquetas: