Miguel Albuquerque e a grotesca imitação de A. J. Jardim
Por C. Barroco Esperança
O novo sátrapa pretende ser um novo Jardim, e não passa de medíocre avatar. O louvor do Governo Regional ao major-general Cardoso Perestrelo, afastado do Comando Operacional da Madeira pelo EMGFA, por ter mandado transportar, para um torneio de golfe, o canhão que um civil disparou, foi uma afronta à decisão da hierarquia militar do País.
A Madeira vive ainda do confronto com o Governo de Lisboa, que atura os desmandos dos sobas autóctones. O louvor, vindo de onde vem, é a pena acessória ao afastamento do militar que fez do material de guerra brinquedos para divertimento da elite local.
As exigências dos governantes da Madeira que não mudam de partido, nem na ditadura, que apoiaram, nem na democracia, que contestam, tornam-se intoleráveis.
O pomposamente designado XIII Governo Regional da Madeira faz exigências a Lisboa que o elementar bom senso devia obrigar a recusar. Os excessos autonómicos vacinaram o Continente contra a Regionalização e os sucessivos governos nacionais subjugaram-se aos desmandos insulares, dotados de uma faraónica máquina político-administrativa.
Os impostos recebidos nas Regiões Autónomas são aí retidos e os seus Orçamentos são participados em cerca de 40% pelo OE e subsídios da UE para regiões ultraperiféricas. Açores e Madeira não pagam as despesas com as forças militares, policiais e prisionais, nem com os Tribunais, e não participam nos encargos com organismos internacionais, ONU, NATO, representação externa do Estado ou para a própria UE de onde recebem uma fatia do seu orçamento.
O dever de solidariedade do País com todo o seu território, isto é, com todos os seus cidadãos, não se discute, mas acontece que a Madeira é já uma das regiões mais ricas do País, indiferente ao abandono a que o interior continental e as suas gentes são votados.
É fácil aumentar funcionários públicos, que o OE não contempla, quando os sucessivos défices excessivos são endossados ao Governo da República. Foi imoral o desrespeito à moralização imposta, impossibilitar a adição de vencimentos do Estado às reformas da Segurança Social, que obrigou Cavaco Silva a prescindir do vencimento de PR e a optar pelas reformas, mais substanciais, mas não impediu Jardim de receber o vencimento de Governador, equivalente a ministro, com a reforma de professor, no 7.º escalão.
O crescimento superior à média nacional que Miguel Albuquerque exige para a Madeira à custa dos desequilíbrios agravados nas Beiras, Alentejo e Trás-os-Montes é ultrajante. É a indiferença de quem quer manter o poder à custa dos privilégios que comprometem cada vez mais a equidade nacional.
O programa do XIII Governo Regional da Madeira é o caderno de encargos para o OE, cheio de ameaças e tiques autoritários, que morde a mão que perpetua o poder político do sátrapa local.
É altura de olhar para as zonas mais desfavorecidas e resistir à permanente chantagem da Madeira sem permitir a perpetuação do paraíso de governantes inimputáveis.
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4 Comments:
Artigo interessante mas mais um numa longa lista de artigos com a capa de imparcialidade mas sem neutralidade alguma. Assim de repente quem lê fica com a ideia falsa de que todas as receitas são da região... É no fundo a habitual comparação de uma região a uma autarquia tão usada por comentadores que querem pintar o quadro que querem que todos vejam.
Nem é referida nenhuma vez a violação da continuidade territorial levada a cabo nos últimos anos que leva a que tudo seja mais caro nas ilhas, nem é referido que o cinm é que leva a essa conclusão tão brilhante quanto falaciosa de que na madeira são "ricos", muito menos é referido que existe um paef a ser pago a juros altíssimos que é justamente o resultado de défices orçamentais regionais... Quem lê o artigo também fica com a ideia que o governo regional faz o orçamento e o estado tem de acompanhar em 40%???? De onde foi tirada está mentira, já agora?
Enfim, tanta falsidade que daria uma artigo bem mais longo a mostrar todas as mentiras....
Fique-se pela crítica política ao estilo e governação actual, que concordo, mas tente resistir á tentação de agir como um colonialista a resistir às exigências dos nativos, tá?
Caro leitor:
Cerca de 40% é o conjunto da participação do OE e da comparticipação da UE para as regiões ultra-periféricas.
Apostila - Quando a AR votou o estatuto dos Açores, por unanimidade, fui dos raros que defendi a posição de Cavaco Silva, que era contra. Depois, bem, depois de um discurso de raiva, à sua maneira, aprovou, como era obrigado, a decisão da AR.
Caro Carlos B. Esperança.
Sinto-me solidário com o seu texto. Também eu me senti incomodado, várias vezes, com os líderes dos governos da Madeira. De tal sorte que já por mais de uma vez disse a amigos: Logo que algum governo insular acusasse os continentais de colonialistas (ou de cubanos...) devia exigir-se-lhes que se tornem independentes. E, depois, que se governem. No entanto, quando fui à Madeira, tirando a miséria do Curral das Freiras (e de outros locais...), gostei, sim senhor.
Caro José Batista:
Hoje é impossível escrever algo sem que as acusações de parcialidade política não surjam. § Gosto da Madeira e penso que devemos ser solidários com os territórios insulares, mas não mais do que com os do interior do país. Aliás, as autonomias foram longe de mais e têm um incomportável aparelho político-administrativo para o qual não há verbas que um orçamento equilibrado comporte.
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