Dar tempo ao tempo
Por Joaquim Letria
Os Estados Unidos andam de cabeça perdida com o mais recente orgulho da marinha chinesa – o porta-aviões Shandong.
O Pentágono ficou assustado quando viu o Shandong navegar, imponente, pelo estreito de Taiwan e o departamento de estado e os políticos de Washington ficaram muito preocupados com a possível influência do Shandong nas eleições presidenciais.
Dominantes de Taipé, tal como interventivos nas revoltas de Hong Kong, os americanos apelaram à China para se abster de interferir na política de Taiwan, que Washington controla desde os tempos de Chiang Kai-Shek.
Mas o Shandong já conhece muito bem as águas de Taiwan. A sua primeira viagem ao estreito da Ilha Formosa foi a 17 de Novembro passado, “para testes científicos e treinos de rotina” concluídos com grande sucesso. As forças armadas de Taiwan e os americanos ali presentes monitorizaram de perto o grande porta-aviões que é o último a ser construído no mundo, equipado com a mais moderna tecnologia.
As eleições do passado dia 11 do corrente mês tinham uma importância decisiva pois ditavam a escolha entre a actual presidente Tsai Ing-wen, que defende a independência e opõe-se à aproximação de Taipé a Pequim, e o líder do Kuomitang, Han Kuo-yu, que quer estreitar laços com a República Popular da China. Tsai Ing-Wen ganhou com mais de oito milhões de votos do que o seu adversário, o que representa mais de 20% dos votos obtidos por Han Kuo-Yu.
Americanos e chineses de Taipé viram a passagem do Shandong como uma ameaça militar e uma forma de pressionar os eleitores indecisos de maneira a evitar uma grande derrota dos nacionalistas da ilha. Pequim não teve a menor reacção e os seus líderes não responderam às provocações eleitorais de Tsai Ing-Wen. Os chineses, imperturbáveis, sabem como o tempo sempre contou a favor da sua história milenar. É só dar tempo ao tempo…
Publicado no Minho Digital
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