Notas Soltas – dezembro/2019
Por C. Barroco Esperança
Aquecimento Global – Até ao final do século a subida das águas submergirá as terras onde agora vivem 200 milhões de pessoas. Há governantes insensíveis e, até lá, muitos partilharão o desespero com os filhos e netos desses irresponsáveis. Só há um Planeta.
Rio de Janeiro – Até dezembro a polícia matou 1.546 pessoas, mais 18% do que em 2018. Bolsonaro quer militares nas ruas com ordem para matar. Finalmente, o terror das forças da ordem e o dos criminosos equilibra-se com a chegada a PR de um dos últimos.
Caridadezinha – A Dr.ª Isabel Jonet, experiente profissional da caridade, comandou o peditório da campanha do Banco Alimentar contra a Fome, coadjuvada pelo PR, tendo recolhido muitas toneladas de alimentos. Estão de parabéns os pobrezinhos.
Greta Thunberg – A jovem sueca, com síndrome de Asperger, que a torna obsessiva e irritante, é uma referência mundial, eficaz a mobilizar multidões na defesa do Planeta, onde a vida está em perigo com as alterações climáticas e a agressão ao ambiente.
Saúde – Interesses privados, bastonários com vocação sindical e a comunicação social afeta fazem uma campanha demolidora contra o S.N.S., através do medo e desconfiança até conseguirem destruir a maior conquista democrática dos portugueses.
S.N.S. – Relatório da OCDE e da UE garante que os cuidados públicos assistenciais têm reduzido a mortalidade por causas evitáveis e tratáveis acima da média dos países da UE. O estudo da OCDE certifica o SNS Português como um dos melhores do mundo.
CDS – Quando a direita se aproxima da extrema-direita acaba a pensar como ela e, por fim, é absorvida. O afastamento da matriz conservadora e democrata-cristã de Freitas do Amaral e Amaro da Costa conduziu o partido para o beco onde o esperava o Chega.
América latina – A onda de contestação que ameaça o subcontinente recrudesce e tem um efeito dominó. No Equador, Colômbia, Chile e Bolívia os confrontos não param e as reivindicações assumem, por vezes, um carácter inorgânico, difícil de controlar.
Reino Unido – As eleições foram um xeque à União Europeia. Boris Johson teve uma vitória estrondosa, Jeremy Corbyn o que merecia. Ambos eram inimigos da UE, ganhou o mais genuíno. Perdemos todos, e falta saber se o que resta do Reino se mantém unido.
Maldivas – Se há um país em vias de desaparecimento, com a subida das águas do mar, este será o primeiro. Hoje é ainda o Paraíso dos ricos e destino de férias, amanhã será o cemitério dos pobres que não puderem fugir e dos deslocados da terra onde nasceram.
Geopolítica – Enquanto os EUA se remetem ao isolacionismo e aos negócios, alheios ao ambiente e ao futuro, a China é a potência que investe na tecnologia e diversifica os investimentos, num fulgurante crescimento científico e económico.
Argélia – As eleições tiveram lugar no mesmo dia das do Reino Unido, mas apesar da proximidade, do interesse para a Europa e mundo árabe, e da agitação social que ali se verifica, a comunicação social portuguesa ignora o País e a sua efervescência política.
Madrid – A Cimeira do Clima da ONU fracassou o objetivo de regular os mercados de carbono. O débil resultado da COP25 alargou a distância entre os Governos e a ciência sobre a crise climática, dececionou o s-g da ONU e torna mais precária a vida na Terra.
Polónia – A reforma judicial que o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS) quer aprovar no Parlamento é motivo de divergências entre Varsóvia e Bruxelas, nos últimos anos. A vocação totalitária do partido no poder não tolera a independência do poder judicial.
El Salvador – O veto absoluto ao aborto é violência de Estado contra a mulher. Penas de prisão até 50 anos, por abortos espontâneos, violações e interrupção de gravidez de risco, são a afronta que nega à mulher a dignidade e o seu direito à saúde reprodutiva.
União Europeia – A cumplicidade de Boris Johnson e Trump, de Trump e Putin, deste e Erdogan e o interesse de todos no apoio à extrema-direita e desagregação da UE, devia levar os europeus a ponderar as alianças e a redefinir os amigos.
Índia – A reeleição folgada do PM, Narendra Modi, deu-lhe confiança para aplicar um programa sectário de nacionalismo hindu, que trai a Constituição e a coexistência das comunidades religiosas, tendo por objetivo impedir a cidadania aos muçulmanos.
Antunes Varela – A homenagem, em Coimbra, ao jurista e docente universitário, com elogios da ministra da Justiça e, sobretudo, os calorosos encómios do presidente do STJ, foram um branqueamento da ditadura e a injusta reabilitação de um cúmplice.
Arábia Saudita – O príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, instigou a morte cruel do jornalista Jamal Khashoggi no consulado de Istambul. Perante o clamor mundial do crime, a teocracia islâmica condenou à morte cinco autores e prendeu 3.
Vaticano – O desvario das religiões e a onda nacionalista, têm levado a morte e o terror a várias regiões do Globo. O Papa Francisco é uma referência positiva de moderação e humanismo perante a turba desvairada e agressiva de prosélitos de numerosas crenças.
Ministro do Ambiente – Criticado por admitir a deslocação de aldeias, disse apenas o óbvio. Será cada vez mais difícil defender quem vive em zonas de perigo, num mundo onde 200 milhões de pessoas estão já em risco pela subida das águas do mar.
União Europeia – A saída do Reino Unido é um revés, mas a falta da federalização do seu espaço, com política comum em todos os domínios, é o risco que a vulnerabiliza na falta de harmonia, coerência e força militar dissuasora das ameaças externas.
IVG – A despenalização não contribuiu só para a autodeterminação sexual da mulher e melhoria da sua saúde reprodutiva. Ao contrário do que afirmavam os seus adversários, a interrupção a pedido da mulher caiu 28% desde 2011, e baniu as complicações.
Etiquetas: CBE
1 Comments:
No geral, concordo. Bom Ano. Abraço (para o autor, para o «sítio» e para a sua alma pater - CMR)
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