A liberdade de expressão, a ética e os Médicos Pela Verdade
Por C. Barroco Esperança
Não sei como conciliar a defesa da liberdade de expressão, que passei a vida a defender, e a condenação de médicos que negam o interesse do uso generalizado de máscaras, dos testes da Covid-19, da gravidade da pandemia e lançam dúvidas sobre as vacinas.
O grupo Médicos Pela Verdade suspendeu a participação nas redes sociais e o e-sítio em que exerciam a sua ação deletéria. Fizeram-no, acusando que vivemos em ditadura, que a liberdade de expressão é desrespeitada, que foram perseguidos, o que é provável, com a ameaça de que vão repensar a forma de divulgarem o que chamam ciência. Parecem virologistas da escola de infeciologia de Trump e da de epidemiologia de Bolsonaro.
O alarme social que esse grupo de médicos provocou levou a Ordem a abrir processos disciplinares contra os seus membros. Espera-se que, no intervalo das entrevistas contra o Governo e, em especial, contra o ministério da Saúde, o Bastonário informe o país sobre o andamento do inquérito e, a seu tempo, sobre as conclusões e eventuais sanções disciplinares.
Se esses Médicos Pela Verdade fossem uma seita religiosa, um grupo de jogadores de bisca lambida ou de jogadores de chinquilho, sem exercerem medicina, nada haveria a opor, estavam ao mesmo nível do que juram que a Terra é plana e o Sol gira à sua volta.
Ora, os médicos devem respeitar “o estado da arte”, isto é, exercer segundo o que a arte médica, de acordo com os conhecimentos científicos, determina em cada momento. Não duvido do mediatismo que esperavam com a negação da realidade atual da ciência, mas já causaram graves danos ao combate à pandemia e à mortalidade.
Quem confia nos médicos, como deve e convém, ficou perplexo e foram devastadoras as consequências no aumento da ansiedade e do medo nas pessoas.
Os referidos médicos não se limitaram a colocar as dúvidas entre especialistas, foram os divulgadores de mentiras, que o estatuto profissional tornou credíveis, para a população.
É natural que a OM oculte os resultados do inquérito, que os que ora dizem ser vítimas de perseguição e sofrimento fiquem impunes, porque que as Ordens se substituíram aos sindicatos e os Bastonários se converteram em sindicalistas e militantes partidários, e a deontologia parece ter sido exonerada.
Está em causa a saúde dos portugueses e, se o Estado está tolhido pelas corporações, os cidadãos devem escrutinar as Ordens e exigir que cumpram as obrigações disciplinares.
Foto e link: Observador
Ponte Europa / Sorumbático
Etiquetas: CBE
1 Comments:
Concordo, sim senhor.
As ordens profissionais passaram a órgãos corporativos que lutam por interesses dos seus associados (ou de alguns deles, em nome de todos eles) e não pelo bem comum. Vão exorbitando..., ilegitimamente.
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