As alterações climáticas e o futuro do Planeta
Por C. B. Esperança
«A Humanidade está à beira do abismo», preveniu António Guterres angustiado com as perspetivas que o aquecimento global reserva às futuras gerações e à mais jovem atual. A angústia do sec.-geral da ONU, sem referir o excesso demográfico do Planeta, ainda em escalada, é sentida há muito por quem se preocupa com o futuro dos filhos e netos.
Este é um problema global que deve ser entendido como o “combate” da nossa geração. Os especialistas ambientais são praticamente unânimes a afirmar que vamos começar a sentir os efeitos das alterações climatéricas, fruto do aumento da poluição, em particular da emissão de gases como o dióxido de carbono.
É ingénuo pensar que tudo irá resolver-se, que é alarmismo. Temos de nos convencer do grave problema que põe em causa a qualidade de vida das futuras gerações, senão a sua própria vida, e pressionar para agirem bem, por todos os meios disponíveis, os governos e as empresas. Essa luta também deve ser feita através da alteração de alguns dos nossos hábitos, desde o uso do automóvel ao abuso do consumo de água e energia.
Devemos ter sempre presente que a população mundial sextuplicou em pouco mais de 2 séculos e que os recursos naturais, apesar da tecnologia permitir um uso mais intensivo dos mesmos, continuam a ser limitados e com pesados custos ambientais.
Enquanto a utopia de eterno crescimento económico não for abandonada será difícil que os Governos optem por definir políticas de bem-estar, sobretudo porque é difícil levar os eleitores, nos países democráticos, a consumir menos recursos de motu próprio.
Aliás, a possibilidade de as ditaduras poderem resolver os problemas melhor do que as democracias é motivo de forte apreensão, e a catástrofe é certa se nada fizermos, ainda que as energias limpas não sejam, por ora, tão limpas como habitualmente pensamos.
A madeira de balsa, rígida e leve, usada para fazer as pás das turbinas eólicas, ameaça o equilíbrio ecológico da Amazónia equatorial, que fornece 75% da produção mundial.
Os metais extraídos das genericamente designadas ‘terras raras’, são necessários para as turbinas eólicas e igualmente para painéis solares, baterias recarregáveis, lâmpadas mais eficientes e motores de carros elétricos, mas a sua extração deixa uma pegada ecológica pesada, e a mineração provoca desastres ambientais. Para os painéis solares, referidos como energia limpa, com uma duração de pouco mais de duas décadas, não há ainda um plano adequado de reciclagem.
A substituição de combustíveis fósseis por energias limpas é uma exigência para reduzir as alterações climáticas, e os custos ambientais podem ser severos, sobretudo se não se descobrirem formas de reciclar resíduos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e aliviar os aterros que libertam metano, altamente poluente.
Mas o pior de tudo é nada fazermos e o desânimo vencer os que querem mudar, contra os imobilistas que, entre a espada e a parede, se encostam, perigosamente abúlicos.
Para todos os que se preocupam com as alterações climáticas, a eleição de Joe Biden, nos EUA, foi uma enorme e auspiciosa vitória.
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