Notas Soltas – setembro/2021
Por C. B. Esperança
Afeganistão – A colossal derrota dos EUA e dos seus aliados da Nato marca o início do fim da hegemonia americana e a ascensão da China. O revés dos direitos humanos para as mulheres afegãs é um rude golpe para as democracias e para a civilização.
Brasil – No 1º Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos em Goiânia, Bolsonaro disse: “Tenho três alternativas para o meu futuro: estar preso, ser morto ou a vitória.” A última é a única que assusta o País porque só um golpe militar a permitiria.
Guantánamo – A prisão e a tortura são nódoas indeléveis contra os direitos humanos e a democracia. A coincidência da queda de Cabul e o 20.º aniversário do 11 de Setembro são tristemente simbólicos, e não admiraria ver os talibãs a exigirem a troca de presos.
XXIII Congresso do PS – A direita só viu a luta da sucessão de António Costa, quando é no PSD e CDS que se agrava. O PM, que geriu bem a pandemia, reforçou a figura do líder e o congresso consagrou o seu estado de bem-aventurança no partido e no País.
Festa do Avante – É um destino de bom gosto e de cultura para qualquer cidadão, para os comunistas acrescido do simbolismo da afirmação partidária. Só o PCP é capaz de tão modelar organização dentro do respeito pelas normas sanitárias.
Jair Bolsonaro – O PR do Brasil promove manifestações contra o Supremo Tribunal, suborna deputados e militares e apela ao golpe de Estado para manter o poder e evitar a prisão. Exige-se pressão internacional para a defesa da instável democracia brasileira.
COVID-19 – Portugal, segundo país do mundo com maior percentagem de vacinações, deve-o aos seus responsáveis, ministra, d-g. de Saúde e coordenador da task-force, mas foi a dedicação do pessoal de saúde e a adesão do país que permitiu tamanho êxito.
Jorge Sampaio – As cerimónias do funeral civil tiveram a dignidade devida ao insigne Estadista de quem os portugueses se despediram. Os mais altos dignitários do Estado souberam honrar a memória do homem de exceção cujo modelo ficará como referência.
11 de setembro – A evocação do 20.º aniversário veio lembrar a ameaça do islão que os sauditas tinham transformado na ortodoxia muçulmana. É urgente que a política externa dos EUA se paute pela defesa dos direitos humanos e não pelos interesses petrolíferos.
11 de setembro-2 – O presidente do Chile, Salvador Allende, eleito democraticamente, foi derrubado em 1973 por um general indigno, Augusto Pinochet, apoiado pela CIA. Tornou-se o paradigma do torcionário, ladrão e fascista que semeou o terror no país.
Vaticano – A viagem do Papa Francisco à Hungria e Eslováquia foi um ato de coragem e de coerência democrática, com repúdio do racismo e xenofobia, exatamente nos países onde, tal como na Polónia e outros, aumenta o fascismo católico e o antissemitismo.
EUA – O acordo com o R. U., seu satélite na política externa, para dotar a Austrália de submarinos nucleares foi o roubo do negócio à França e a preferência da Ásia-Pacífico como espaço geoestratégico prioritário, em prejuízo da relação com a Europa.
Afeganistão – O governo dos talibãs impôs a sharia e trocou o Ministério dos Assuntos da Mulher pelo da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício. A designação mostra a reviravolta que os direitos humanos sofrem em relação à mulher. Malditas tradições!
ONU – Guterres deixou claro querer acelerar vacinas e combater alterações climáticas no apelo lancinante que dirigiu às grandes potências, em especial, às do Conselho de Segurança. É urgente que a pressão pública obrigue à solidariedade mundial.
China – A ameaça de bancarrota do colosso do imobiliário, Evergrande, prenuncia mais uma crise cíclica do capitalismo, com repercussões a nível global. Só a ingenuidade dos mais ingénuos pode ainda acreditar que a ditadura asiática é um regime socialista.
Angela Merkel – A grande estadista deste século deixa o poder, depois de 16 anos a liderar o seu país e a UE. A mais europeia dos alemães e a mais progressista dos líderes conservadores deixa a marca indelével que deve nortear o próximo sucessor.
Eleições Autárquicas – O único partido que pôde cantar vitória foi o PSD, porque eram baixas as expetativas, porque foi o único a aumentar o número de câmaras, e regressou aos meios urbanos de onde a sua influência quase tinha desaparecido.
Eleições autárquicas-2 – Rui Rio infligiu uma derrota aos inimigos internos, deixando os nostálgicos de Cavaco e Passos Coelho sem margem de manobra, com o CDS, PAN, IL e o partido fascista condenados a serem muleta do PSD nos tempos mais próximos.
Alemanha – As eleições criaram um quadro partidário difícil para a formação do novo governo, mas a vitória do SPD anima a social-democracia Europeia, e o novo governo deverá ser europeísta. A UE e a Alemanha continuarão a garantir a paz e estabilidade.
Austrália – O PM, Scott Morrison, admite recusar-se a participar na cimeira da COP26, uma das mais relevantes reuniões sobre o combate às alterações climáticas, dos últimos anos. Com o país vítima de violentos incêndios preferiu comprar submarinos nucleares.
Gouveia e Melo – Terminou com êxito as funções que a ministra lhe confiou. Merece o agradecimento do País pela competência, dedicação e eficácia com que organizou e pôs a funcionar a máquina de vacinação contra a COVID-19. Obrigado, sr. Almirante.
PR – Depois das eleições autárquicas, enquanto diz que não se admitem crises políticas nesta altura, passou a liderar a oposição ao Governo e a procurar as condições para ser ele a escolher o líder do seu partido e ampliar os poderes que a CRP lhe concede.
Ponte Europa / Sorumbático
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