No “Correio de Lagos” de Janeiro de 2022
Mas, na minha família, não foi apenas o Emilinho que não beneficiou da descoberta de uma vacina que, para ele, veio tarde demais: sucedeu o mesmo com uma tia nossa (para quem a BCG, contra a TUBERCULOSE, não veio a tempo de lhe salvar a vida), e com um primo, esse ainda vivo, para quem a vacina contra a POLIOMIELITE não chegou a horas de impedir que tenha uma perna praticamente morta desde a mais tenra infância.
II — EM 1998, tendo eu de ir em trabalho à República do Congo, fui informado de que teria de ir já vacinado contra a FEBRE AMARELA, cujo certificado apresentaria à chegada. Então e quem fosse “anti-vacinas”? — pensaria eu, se isso fosse agora. Bem... para esses havia o avião de regresso, a menos que se vacinassem no próprio aeroporto, possibilidade que nem sequer sei se existia.
III — EM 2013, estando eu a passar uns dias nos arredores de Sintra, apareceu-me à porta de casa um simpático cão, com toda a aparência de ter fugido ou sido abandonado, conclusão que tirei quando vi que, a fazer as vezes de coleira, tinha um arame retorcido e ferrugento — devia ser um cão-pastor, porque era frequente aparecerem por ali rebanhos de cabras, mas não se via nenhum nas proximidades.
E preparava-me eu para me vir embora quando o bicho, aproveitando um momento de distracção, saltou para dentro do carro, onde se deitou, mostrando bem o que pretendia! Mas o pior veio depois porque, quando tentei pô-lo fora, me mordeu uma mão, fazendo uma enorme ferida e trazendo-me à lembrança imagens de pessoas atacadas por cães raivosos, que acabaram por morrer de uma morte atroz. Então, em pânico, corri para o veterinário mais próximo, onde, apesar de confirmarem que o cão não tinha ‘chip’, me sossegaram, afiançando-me que a RAIVA era uma doença já erradicada em Portugal devido à vacinação obrigatória que já existe há muitos anos.
IV — MAS ESSES são apenas alguns casos que me vêm à mente quando, hoje, os “filhos mimados de uma sociedade de abundância” desvalorizam doenças e vacinas, pelo menos até ao dia em que o mal lhes calha a eles — nem que seja sob a forma de um prego ferrugento, levando-os a correr para um posto médico, onde lhes será perguntado se a vacina do tétano (que certamente tomaram) ainda está na validade.
Ora, para ilustrar estas pequenas notas autobiográficas, hesitei entre este cartune e um outro, que mostra um “náufrago do deserto” arrastando-se, morto de sede, por entre as dunas do Sahara, e que vê, ao longe, um oásis com água fresca. Sentindo-se salvo, ganha novas forças, mas de súbito hesita, e a legenda explica porquê: é que ele interroga-se, apreensivo, se lá haverá “água com gás”!
Esses desenhos parodiam a situação absurda que bem conhecemos: num mundo com sete mil milhões de habitantes, onde porventura a maioria não tem (nem terá em tempo útil) acesso a qualquer vacina, há quem se dê ao luxo de desprezar a que a sociedade lhe oferece gratuitamente, ou faça finca-pé na escolha de um determinado fabricante — como no caso do indivíduo que prefere morrer de sede a beber água que não seja a da sua preferência.
Etiquetas: CMR, Correio de Lagos
1 Comments:
É PRECISO É TER FÉ. Disse bem " vacinas" O problema é que não são vacinas, são tóxicos que vai inoculando sempre que os anti-corpos baixarem. NÃO é por acaso que vacinados com 3 doses, já há quem tenha sido infectado 3 vezes. E na vanguarda vai Israel onde há infectados graves já com 4 doses.
NÃO sou negacionista.
Cumprimentos.
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