Tento na bola!
Quando os filhos quebravam alguma coisa, a minha avó podia não os castigar, mas recordava-lhes sempre: «Sois tontos, partis o que é vosso...».
Outro entendimento teve, há dias, um dirigente desportivo que nos explicou, sorridente, porque é que achava aceitável que adeptos do seu clube destruíssem o próprio estádio – cena a que eu havia assistido com a estranha suspeita de ter ajudado a pagar o que estavam a escavacar.
Por essas e por outras é que, face à náusea de ver tantos políticos de cócoras perante o mundo da bola, me resta o consolo de «torcer» por Bagão Félix - no combate que trava para tentar obrigar os caloteiros a pagar ao povo português o que lhe devem.
Infelizmente, palpita-me que é uma luta inglória, pois a situação já só faz lembrar a rábula do mau-pagador: «Se eu te dever mil, tenho um grande problema; mas se te dever um milhão, quem tem um grande problema és tu!».
Aliás, reacção curiosa foi a de Gilberto Madaíl que, podendo recorrer ao argumento - idiota, mas na moda - que «achava desinteressante o debate», preferiu declarar que estava «estupefacto». Pronto, não diga mais! Já percebemos quem é que vai pagar a conta – por mim, já me sinto «estúpido, de facto»...
Para "EXPRESSO" - "Carta Branca" de 15 de Janeiro 2005
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