16.6.05

Estranho mundo, o nosso!

EXIGE-SE, em altos brados, «Prendam-se os corruptos!» - ao mesmo tempo que se faz tudo para que os da nossa terra, os do nosso partido ou os do nosso clube sejam poupados, quando não mesmo incensados!
Será caso para perguntar: «Que país queremos que Portugal seja?!».

O certo é que, à mistura com condenados, suspeitos, arguidos e foragidos à Justiça, aí temos a florescente classe dos «políticos brancos» - assim chamados por analogia com os «produtos brancos», artigos de «Grande Superfície... mas de Pequena Espessura».

São indivíduos que, se for preciso (e em geral é...), dizem uma coisa hoje e o seu contrário amanhã (havendo até os que conseguem fazê-lo no mesmo minuto); que defendem na Oposição o oposto do que defendiam no Governo (e "vice-versa", ou "versa-vice"...) desde que isso lhes dê dividendos.

Embora às vezes se esforcem por parecer que não, dão-se muito bem uns com os outros e, evidentemente, sabem inundar-nos com discursos, sloganes e cartazes pejados de banalidades e lugares-comuns que dão para tudo, para o seu inverso e, se preciso for, ainda para mais qualquer coisinha.

O certo, é que acaba por ser tristemente lógico que a generalidade da Comunicação Social se refira a Álvaro Cunhal e a Vasco Gonçalves dando relevo ao facto de terem sido «homens de convicções».
Que estranho mundo o nosso, em que é excepção digna de nota o que devia ser normal e dispensar registo!

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NOTA: Este texto foi publicado também n' «A CAPITAL» em 17 Jun 05

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ah! pois! E o que é que cada um de nós vai deixar quando morrer? Quem se lembrará do quê de ti e de mim, diz-me lá. Deixas alguma obra? Alguma frase? Algum inimigo?

16 de junho de 2005 às 21:59  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro "Anónimo",

Para essas 3 ou 4 perguntas haverá, provavelmente, outras tantas respostas - pelo menos.

Mas ficamos sem saber a quem se dirigem.
Se é a mim, as respostas (julgo que) são "Sim", todas.

16 de junho de 2005 às 23:56  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Ficará para a História a cena anedótica em que Freitas do Amaral declarou, na mesma entrevista, que o processo do referendo "devia continuar" e também que "não devia continuar".

Nesse mesmo dia, ouvimos Durão Barroso e Sócrates a dizer que "devia continuar".

Agora, um par de dias decorridos, ambos defendem o oposto, e exactamente com a mesma convicção!

17 de junho de 2005 às 11:52  

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