8.9.05

Japoneses e espanhóis

NESTE magnífico romance policial, o autor faz girar a acção em torno de dois temas muito interessantes:
A tecnologia das imagens digitais e a invasão dos EUA pelo capital japonês.

Neste último aspecto, quando os norte-americanos se revoltavam contra isso, os nipónicos respondiam, com candura mas com toda a lógica:

«Se não querem que compremos, porque é que vendem?»

Claro que isto vem a propósito da compra da TVI pelos espanhóis, numa era em que o controlo dos media é muito mais importante e eficaz do que o de muitos governos.
Estes passam, mas os outros ficam, e têm uma força de persuasão sobre milhões de pessoas que nenhum executivo ou partido têm.

Acresce ainda que, sendo um poder não-eleito, controlar uma cadeia-de-televisão não é exactamente o mesmo que possuir uma cadeia de «Lojas-dos-300»...

Pode argumentar-se que o dinheiro não tem pátria e que as acções estão na Bolsa para quem as quiser (e possa) adquirir - pelo que até a Associação Filantrópica dos Amigos dos Palhaços e dos Ursos do Circo Barney pode comprar TVs, rádios e jornais.

Sim, é verdade; mas isso será tranquilizador?

NOTA: O curioso é que a TVI nasceu, precisamente, porque uma multidão de crentes chorava baba e ranho para ter um canal de TV!
Onde já vão tão pias intenções? Pela pia abaixo?
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(Uma versão preliminar deste texto vei a ser publicada no «DN» de 10 Set 05)

7 Comments:

Blogger Helder Mendes said...

Mas alguém ainda se lembra de que a TVI era o canal da Igreja?

8 de setembro de 2005 às 19:12  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pois.

O "i" tinha o significado ambíguo de Independente e de Igreja.

8 de setembro de 2005 às 19:21  
Anonymous Anónimo said...

Os pontos nos iiis

Em tempos que já lá vão, o I da TVI era o I de Independencia ou de Igreja mas a partir de agora o I passará a ser o I de Ispanha... Ispanha... e Ispanha ...
(os 3 Is...do engenheiro josé)

lilly of the valley

8 de setembro de 2005 às 22:17  
Anonymous Anónimo said...

O que será melhor: o excelente jornalismo que a Prisa nos dá com o El Pais ou a seita Maná?

8 de setembro de 2005 às 22:49  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Odete Pinto,

Pobre país em que um dilema desses se coloca - e a sério!!

8 de setembro de 2005 às 22:53  
Anonymous Anónimo said...

Pois, para mim, isto faz-me lembrar aqueles países do terceiro-mundo, sabem? Em que seitas como IURD compram canais de televisão, já ouviram falar disso, com certeza. Bem, Portugal também vai para o bom caminho, ai, vai, vai. Daqui a uma década, se Deus quiser, também estaremos a exportar chulos e prostitutas para todo o mundo. Assim seja. E viva o progresso!

9 de setembro de 2005 às 11:56  
Blogger AV said...

Muitos empresários portugueses encaram a sua actividade meramente como geradora de lucro e não com uma função social, para isso bastando ver como o Diogo Vaz Guedes da Somague justificou a venda da sua empresa a estrangeiros (o seu papel é servir bem os accionistas e dar-lhes dinheiro a ganhar), depois de ter assinado um daqueles documentos inócuos em que a classe empresarial cá do burgo se tornou costumeira.

11 de setembro de 2005 às 18:12  

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