27.10.05

Pesadelos

ENTRE muitos pesadelos que já vivi (passados na Segurança Social, em repartições de Finanças, nos CTT, em esquadras, em conservatórias, em hospitais, no IEFP, etc. etc), escolhi referir este - que ontem mesmo tive de suportar.


(Cartoon de Bandeira, no «DN»)

As instalações da Segurança Social, no Areeiro (em Lisboa), abrem às 8h 30m; pois anteontem, a partir das 11h30m já não davam senhas, dado que as pessoas que as tinham entretanto obtido eram suficientes para ocupar todo o pessoal de serviço até ao fecho - muito para lá das 16h30m!

Regressei ontem. Com 110 pessoas à minha frente, tive de esperar 2h 20m SÓ PARA ENTREGAR um documento - quando fui atendido, apenas havia 3 funcionários nas 8 mesas.

À mistura, pequenas coisas ajudam ao pesadelo:

As casas de banho (de homens e de senhoras) estavam avariadas - felizmente, atravessando uma porta que diz "acesso proibido", pude ir a uma outra, do pessoal.

As máquinas de café e de águas só têm instruções em espanhol (em tempos, até os preços eram em PESETAS!).

Quando a porta de saída fecha, às 16h30m, as pessoas batem com o nariz no vidro e procuram, em vão, um punho ou um sensor que a faça abrir. Nada. Não há um pequeno letreiro, sequer, a dizer por onde sair - apenas um funcionário que, de longe, vai dizendo: «É por aqui! É por aqui!».

Um cartaz que nos informa dos locais dos outros "serviços de atendimento aos cidadãos" está numa parede no meio das cadeiras-de-espera, e só se lhe consegue chegar incomodando uma dezena de pacientes "utentes".

Há um balcão com uma fila só para impressos.
Para fugir a ela, já eu tinha tentado ir à INCM - mas não os têm nem sequer sabem do que se trata.

Quem quiser ser atendido em menos tempo, poderá fazê-lo levando uma criancinha ao colo (há lá inúmeras!!) ou pondo uma almofada na barriga a simular gravidez. Estranho até que ainda não haja gente à porta a alugá-las:

«Criancinhas! Há criancinhas!», «Almofadas! Olha as almofadinhas!»

Quanto ao uso da Internet (para obtenção de documentos, seu preenchimento e entrega)... remeto-vos para o "cartoon" de Bandeira que aqui se vê, publicado no «DN».

Curiosidade: Um dia, enviei para lá um e-mail (para o endereço indicado na Web), pedindo uma informação simples. Ao fim de DOIS MESES tive de enviar um outro, a pedir resposta ao primeiro...).

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Alguém imagina um governante numa cena dessas?
Claro que não. Eles têm quem lhes trate das coisas, pelo que são ABSOLUTAMENTE INSENSÍVEIS a esses problemas.
Passa-se o mesmo com o estacionamento (eles têm motoristas...) e com quase tudo.

Se quem podia resolver os problemas não os sente, o que é que se quer?

O tempo perdi, pelos vistos, também não os aflige.
Pouco mais sabem fazer do que aumentar impostos.

G.

27 de outubro de 2005 às 09:36  
Anonymous Anónimo said...

Reclamar tb não adianta muito.

Recentemente veio a saber-se que a maioria das reclamações (escritas) feitas nos hospitais públicos não são enviadas para os serviços competentes!
Os hospitais retêm-nas!

Como se diz no comentário anterior:
Alguém imagina um ministro a "secar" uma noite inteira nas urgências?

C.E.

27 de outubro de 2005 às 09:40  
Blogger Nuno Furtado said...

a verdade é que qualquer serviço público ou de atendimento ao mesmo funciona sempre mal.... no outro dia tive 45minutos à espera na secretaria da minha escola para ter 20 segs de atendimento (carimbar e assinar)

27 de outubro de 2005 às 11:04  
Blogger Isabel Magalhães said...

Claro que ninguém imagina...

Os governantes pedem a alguém que telefone ao Presidente de França para marcar uma consulta VIP em Paris, para 'anteontem'.

27 de outubro de 2005 às 18:20  

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