16.1.06

Uma adivinha difícil (*)

ESTA fotografia foi tirada numa paragem de autocarros da Avenida de Roma, uma das mais movimentadas entradas de Lisboa.

Como se comprende, nas horas de ponta os autocarros têm de parar numa das duas faixas de rodagem, criando engarrafamentos monstruosos que, como toda a gente sabe, não preocupam minimamente os infractores e muito menos as inúmeras pessoas a quem pagamos para se preocuparem com este género de problemas.

No entanto, a foto podia servir também para um passatempo, sob a forma de uma adivinha para os leitores:

«A fotografia foi tirada ANTES ou DEPOIS do novo Código da Estrada (o tal que, com as suas TERRÍVEIS coimas ia acabar com a impunidade - segundo garantia um famoso político)?»

Sucede, porém, que o passatempo não seria honesto, na medida em que os leitores só acertariam por acaso:
É que, embora a imagem tenha sido tirada recentemente, a cena retratada é absolutamente igual de há anos a esta parte - e até alguns carros são exactamente os mesmos!

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(*) Publicado no «Público-Local» de 16 Jan 06 e no «metro» de 17.

Esta imagem já foi afixada neste blogue a propósito deste mesmo assunto. Só que a impunidade atingiu tais níveis que um dos carros, actualmente, até já coloca a cobertura de oleado!

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

hummm

pelas luzes de natal diria que a imagem é recente...

quanto ao sinal de "Proíbido parar e estacionar"... tem uma pequena placa apenas legivel se abrirmos a imagem e que diz "Excepto Carris"...

suporia portanto que os veículos pertencessem à dita empresa... :P ... caso não passasse por aí todos os dias

16 de janeiro de 2006 às 11:44  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A malta deve pensar que, em vez de "Excepto carrIs" é "Excepto carrOs".

16 de janeiro de 2006 às 12:00  
Anonymous Anónimo said...

Não se canse, amigo, pois não há ABSOLUTAMENTE NADA A FAZER.

O assunto do estacionamento-selvagem, desde os tempos do Eng. Abecassis, está entregue a uma colecção de incompetentes que não têm a mínima sensibilidade para os problemas dos munícipes nesse aspecto.

O mais que a CML faz é meter pilaretes (que nós pagamos), enquanto a Polícia Municipal anda atrás dos ciganos.

Quanto à PSP (D.T.), ainda parece menos interessada em chatear-se, preferindo queixar-se de falta de meios!!

E a EMEL não pode multar fora das suas zonas.

Pior era impossível.
Só irrita é que tenhamos de ser nós a pagar os ordenados dessa gente (que, pela sua inacção, se comporta como parasitas).

Duarte

16 de janeiro de 2006 às 12:09  
Anonymous Anónimo said...

Às vezes interrogo-me o que pensarão muitas pessoas quando ouvem falar em "direitos e deveres de cidadania".
Devem pensar que não é nada com elas e, se for, "eles" que resolvam.
Para quase tudo isto há uma palavra mágica: esquema.

Se adicionarmos a esta palavra a inveja e a mesquinhez de que nos fala José Gil, chegaremos mais facilmente à explicação sobre a contestação a qualquer alteração, legal ou outra: este "esquema" deu-nos tanto trabalho a arranjar e agora vão mudar tudo! e o trabalho que dá a arranjar outro esquema ?

Em Portugal há esquemas e esquemazinhos para tudo. Nem sei se alguém já se lembrou de fazer tese de doutoramento sobre O Esquema.

16 de janeiro de 2006 às 14:17  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Hoje, dia 17, de manhã, a Polícia Municipal lá foi multar os "jeitosos", que devem estar MUITO admirados

17 de janeiro de 2006 às 11:47  
Blogger pedro oliveira said...

Conclusão:

Há pelo menos um polícia (deve ser o mesmo que reconheceu Sepúlveda no aeroporto) que lê "blogs".

18 de janeiro de 2006 às 21:42  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pedro Oliveira,

A polícia fez o teatro que lhe competia.

Não tirou um único carro dali nem sequer os bloqueou.
Continua TUDO na mesma, incluindo OS MESMOS CARROS, NO MESMO SÍTIO.

Uma vergonha - diremos. Mas o certo é que o problema atingiu tais proporções que (acredito) já pouco há a fazer.

Imagine-se que dos 400 ou 450.000 que entram em Lisboa 10% estaciona assim.

Que possibilidades há de os reprimir?

É o fenómeno do "cardume": um só, tem problemas; no meio de milhares, a probabilidade baixa para valores irrisórios.

18 de janeiro de 2006 às 22:55  
Blogger pedro oliveira said...

Julgo que o problema não será o teatro que a polícia fez mas sim a nossa [obviamente, não a minha nem a sua] desresponsabilização enquanto cidadãos. O não termos presente que enquanto actores sociais a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros. Não termos sensibilidade para respeitarmos as regras não por medo das consequências mas sim enquanto acto de cidadania.
["linkei" este "post"].

19 de janeiro de 2006 às 07:32  

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