Visto do sofá (*)
Futebol sem ética
O NOVO ano futebolístico começou ao empurrão e à estalada, lá para as bandas do Aeroporto de Guarulhos (São Paulo) e do Aeroporto da Portela (Lisboa).
Protagonistas das cenas eventualmente chocantes foram o que se supõe ser um "coronel" de telenovela brasileira e meia dúzia de "forcados" de telenovela portuguesa que fizeram uma "espera" ao misterioso "coronel".
No fundo, este lamentável episódio, pormenorizadamente descrito pelos jornais e filmado pelas televisões, só serviu para confirmar que o futebol também se joga, cada vez mais, fora das quatro linhas de um relvado.
Sem árbitro que imponha as regras e, ao que se sabe, com a polícia a intervir tardiamente para proteger o tal "coronel" recebido à chapada. (...) Texto integral em «Comentário-1»
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(*) Crónica de Alfredo Barroso, publicada no «DN» e aqui transcrita com sua autorização
O NOVO ano futebolístico começou ao empurrão e à estalada, lá para as bandas do Aeroporto de Guarulhos (São Paulo) e do Aeroporto da Portela (Lisboa).
Protagonistas das cenas eventualmente chocantes foram o que se supõe ser um "coronel" de telenovela brasileira e meia dúzia de "forcados" de telenovela portuguesa que fizeram uma "espera" ao misterioso "coronel".
No fundo, este lamentável episódio, pormenorizadamente descrito pelos jornais e filmado pelas televisões, só serviu para confirmar que o futebol também se joga, cada vez mais, fora das quatro linhas de um relvado.
Sem árbitro que imponha as regras e, ao que se sabe, com a polícia a intervir tardiamente para proteger o tal "coronel" recebido à chapada. (...) Texto integral em «Comentário-1»
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(*) Crónica de Alfredo Barroso, publicada no «DN» e aqui transcrita com sua autorização
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4 Comments:
Visto do Sofá
Futebol sem ética
O novo ano futebolístico começou ao empurrão e à estalada, lá para as bandas do Aeroporto de Guarulhos (São Paulo) e do Aeroporto da Portela (Lisboa). Protagonistas das cenas eventualmente chocantes foram o que se supõe ser um "coronel" de telenovela brasileira e meia dúzia de "forcados" de telenovela portuguesa que fizeram uma "espera" ao misterioso "coronel". Um espectáculo pouco edificante, em lugares impróprios para o pontapé na bola. Prevaleceram os encontrões e, sobretudo, as mãos e os punhos - o que até se compreende, dado que estava em causa a contratação de um guarda-redes.
No fundo, este lamentável episódio, pormenorizadamente descrito pelos jornais e filmado pelas televisões, só serviu para confirmar que o futebol também se joga, cada vez mais, fora das quatro linhas de um relvado. Sem árbitro que imponha as regras e, ao que se sabe, com a polícia a intervir tardiamente para proteger o tal "coronel" recebido à chapada. Coisas de um "mercado da bola" ciclicamente reaberto, que vão pondo a nu os "golpes baixos" de uma competição em que vale quase tudo, mesmo "tirar olhos".
Dizia Jorge Valdano que, se quisermos que o futebol tenha futuro, é preciso pô-lo sob vigilância, não só dentro do campo mas também fora dele, para não permitir que a paixão, excessiva por definição, se transforme em violência. Como ganhar já não é só um desejo mas sim uma necessidade, há cada vez mais protagonistas, sobretudo fora das quatro linhas, prontos a infringir as regras e a ignorar os limites, a começar pelos éticos. Quando o negócio e os seus meandros prevalecem sobre a qualidade do pontapé na bola nos relvados, a ganância dos agentes e a demagogia dos dirigentes acabam por vir ao de cima, com muitas, piedosas e lamentáveis mentiras de primeira página à mistura.
Longe vai o tempo em que os adeptos do pontapé na bola, até os mais fanáticos, diziam que o melhor do futebol são os jogadores. Hoje, também eles são envolvidos ou deixam-se envolver em negociatas espúrias, cedendo a pressões que os levam a assumir e, até, a assinar compromissos com mais do que um clube, transformando-se, assim, não propriamente em bolas de futebol, mas em bolas de pingue-pongue entre agentes e dirigentes cujos escrúpulos deixam muito a desejar. O "amor à ca-misola" foi chão que deu uvas, no futebol completamente comercializado dos tempos que correm. E há mesmo quem diga, com ironia, que "suar as camisolas" é, hoje, vendê-las por bom preço, em operações de marketing e merchandising, que visam alimentar os cofres dos clubes de futebol.
Não resisto à tentação de evocar uma pequena história que Jorge Val-dano contou como exemplo, há já um bom par de anos. Juan Corbalán, o grande jogador e capitão da equipa de basquetebol do Real Madrid, costumava dirigir uma pergunta muito perspicaz aos jovens jogadores que che- gavam "Quem é mais importante neste clube, o presidente ou tu?" Todos lhe respondiam que era o presidente. Corbalán indignava-se e procurava incutir-lhes o sentido das responsabilidades: "Olha, miúdo, quando a bola está nas tuas mãos, o presidente não existe. Nesse momento, o Real Madrid és tu." Troque-se as mãos pelos pés e esta é uma história que também serve para qualquer equipa de futebol.
Sabemos que a grande maioria dos futebolistas tem origem humilde. São poucos os que ascendem ao estatuto de "estrelas" e muitos os que vão parar ao desemprego e se arrastam numa apagada e vil tristeza depois de arrumarem as botas. Compreende-se que se batam pela sobrevivência e deixem submeter-se a todo o tipo de pressões e ameaças. Deve ser aí que perdem o prazer de jogar o jogo pelo jogo. Mas também é verdade que um génio como Garrincha, que jogava por puro prazer e quase sempre ganhava, acabou a sua vida pobre, desamparado e consumido pela bebida. Os futebolistas merecem mais protecção e respeito. Porque o futebol sem ética é como a globalização sem regras.
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Crónica de Alfredo Barroso no «DN», aqui transcrita com sua autorização
Os idiotas do futebol português ao seu melhor estilo... não se esqueçam tambem dos programas da especialidade que passam na televisão....
Grave é que o episódio não foi "pormenorizadamente" descrito pela televisão. Foi notório o esforço da SIC em esconder o rosto do agressor - o que diz muito sobre as cumplicidades existentes com o clube de futebol envolvido neste triste acontecimento.
Há uns pândegos que acham que basta construir um aeroporto novo para competir com o aeroporto de Madrid. Este episódio é apenas mais um a lembrar que é preciso mais, muito mais do que isso. Não é admissível um episódio destes num aeroporto internacional, supostamente uma área fortemente policiada.
Grave é que o episódio não foi "pormenorizadamente" descrito pela televisão. Foi notório o esforço da SIC em esconder o rosto do agressor - o que diz muito sobre as cumplicidades existentes com o clube de futebol envolvido neste triste acontecimento.
Há uns pândegos que acham que basta construir um aeroporto novo para competir com o aeroporto de Madrid. Este episódio é apenas mais um a lembrar que é preciso mais, muito mais do que isso. Não é admissível um episódio destes num aeroporto internacional, supostamente uma área fortemente policiada.
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